MUITAS ALMAS EM NINGUÉM

Muitas Almas em Ninguém - A vida de um bicho simples e humano revirada em sonetos espelha as emoções e sensações de um homem de outro século. Trata-se de coletânea de versos publicada em formato eBook Kindle, na plataforma Amazon (Amazon Servicos de Varejo do Brasil Ltda.). https://www.amazon.com.br/dp/B07NTHVWRS/ref=cm_sw_r_fa_dp_U_ykDACbCEAQF68?fbclid=IwAR1CL8_TxyOxQVpnwS4ZOhcrpeUOlH8VSbhG7bcV2ROrz937pimK4G3qVEA

Os textos foram anteriormente, publicados no perfil do Facebook, e no sítio eletrônico Recanto das Letras. (https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=201160)

Nesta obra o leitor acessará o registro das trivialidade da vida do poeta e quem sabe possa também ver se descerrarem pétalas de amor e de dor, brotadas de rosas que cantam, rosas que cravam, rosas que vibram na floração da poesia cultivada em sementeira de alguma sensibilidade.

Ainda, é possível que o mais atento ou curioso descubra, mediante a leitura poética, que o invisível homem de outro século é um bicho simples e humano que, sabendo se mover e comover, na bicôncava dor de ser homem e ser poeta, entrega ao público uma obra singela, mas merecedora da atenção do leitor, por talvez esconder coisas belas, embora não extraordinárias. Apresentação abaixo:

MUITAS ALMAS EM NINGUÉM

Com muitas almas dou-me ao convivo

E em reações já muitas revelei,

Mas eu confesso não vi ou encontrei

Aquela que à vida dá motivo.

De cada sonho intenso do qual privo,

Alerta ou a dormir nunca sonhei

Por essa alma e assim nada eu sei,

Do que sonhei, e em sonho então não vivo.

De tanto ser plural, cheio de alma,

Não gozo um momento em pura calma

E nunca sei, ao certo, quem eu sou.

E não sendo eu quem sente o que sinto,

E não saber quem sente, eu não minto

De sem sentir, até falar de amor.

Muitas Almas em Ninguém - A vida de um bicho simples e humano revirada em sonetos espelha as emoções e sensações de um homem de outro século. E como sabido, não é fácil substituir um calçamento de costumes e pensamentos antigos por outro moderno, sem ser atacado por modernistas e saudosistas a investirem contra o passeio com argumentos os mais ácidos.

Ser de outro século, pois traz sérias consequências. Uma delas, a enorme sensação de invisibilidade. Sente-se que alguma pedra no novo projeto ficou faltando, trancada lá dentro, sendo enorme o receio de se expor cá fora.

No moderno passeio existencial surgido com a virada do século, sinto-me poeticamente enfermo e vulnerável, mas o que falta para a cura não sei exatamente o que é. Sequer sei se minha sensibilidade confusa é coisa do passado. Na verdade, trago à modernidade sabores extemporâneos. De moderno expresso a ansiedade e o egocentrismo. Nada mais.

Poeta, não sou, falta-me a demência atávica que envolve a casta como a renda purpurina do reflexo do crepúsculo isolando as trevas da luz. Alinhavo palavras. Se escrevo, tento encontrar a festa que existe em algum lugar, e para a qual não fui convidado e nem consigo localizar. A originalidade foge-me entre tortuosas linhas rascunhadas. Sempre penso que meus textos deixam a desejar em conteúdo e em forma. A poesia e a prosa dos predecessores e dos iguais têm maior profundidade. É enlouquecedor suportar o mundo com o escudo da poesia quando pouco se valoriza o verso, ferramenta que utilizo para a reflexão sobre os significados do amor e da própria vida. Se me desnudo em fatos autobiográficos é por saber que cada leitor fará uma interpretação pessoal dos versos com os quais me defino. É melhor assim. Se me conhecesse como realmente sou, decerto sequer se atreveria a folhear estas páginas.

Heidegger já afirmara que o filósofo e o poeta afirmam coisas extraordinárias. Não sou filósofo, quiçá nem poeta seja, pois os pensamentos encarcerados na forma de sonetos e sonetilhos podem até ter aparência harmoniosa, mas com certeza, isso reconheço, falta em muitos deles a essência idílica, essencial à poesia bem estruturada. Embora, no jogo de ideias e na forma própria do soneto, questione em outros a utilidade ou inutilidade das coisas.

Talvez, o estilo decorra de me apegar ao ordinário da vida, seguindo o sensato conceito de poesia de Carlos Drummond de Andrade que, quando indagado se gostava de poesia, respondeu mineiramente: Gosto de gente, bichos, plantas, lugares, chocolate, vinho, papos amenos, amizade, amor. Acho que a poesia está contida nisso tudo.

Desta forma, na leitura deste livro de versos, anteriormente, publicados no perfil do Facebook, e no sítio Recanto das Letras, perceberá o leitor o registro das trivialidade de minha vida e que um livro de versos sempre é imperfeito e se desmerece às vistas do leitor, porque as frases tiradas de um peito não é literatura, mas amor, como justifico esta coletânea no soneto Livro de Versos abaixo:

LIVRO DE VERSOS

Livro de versos sempre é imperfeito,

Se desmerece às vistas do leitor,

Porque frases tiradas de um peito

Não é literatura, mas amor.

Em letras o amor fica omitido,

Porque o rito caro da emoção

Não se destina em frases a ser lido,

Mas vivido durante a paixão.

Falta ao livro a douta oratória

De um peito apaixonado pela glória

De amar alguém sem regra ou sem licença.

Por mais que se expresse em língua culta

Do sentimento, um livro muito oculta,

Pois amor não é amor, quando se pensa.

Quem sabe, possa também ver se descerrarem pétalas de amor e de dor, brotadas de rosas que cantam, rosas que cravam, rosas que vibram na floração da poesia cultivada em sementeira de alguma sensibilidade. Ainda, quem sabe, o mais atento ou curioso descubra, mediante a leitura poética, que o invisível homem de outro século, é no passeio novo um bicho simples e humano que, sabendo se mover e comover, na bicôncava dor de ser homem e ser poeta, entrega ao público uma obra singela, mas merecedora da atenção do leitor, por talvez esconder coisas belas, embora não extraordinárias.

Blumenau (SC), 2019