"A ESCOLHA" DE ROBERTO FERRARI...


"Cuidado se você não sofre tentações, é porque o demônio é seu amigo."
João Maria Vianney


Chega ás minhas mãos o décimo sexto livro do escritor Roberto Ferrari, que é sempre um prenúncio de uma boa leitura.
E assim, nesta oportunidade vejo-me adentrando num mundo de mistérios...
Roberto Ferrari coloca os seus dons de bom contador de histórias neste tomo, direcionando-nos para um mundo onde tudo é possível e passível de acontecer...
E neste “A escolha” acontece!
Tem horas que nós nos deixamos levar por nossos temores e eles nos atormentando os sentidos, ofuscando a nossa visão propiciam que passemos por momentos de vivido terror...
Assim é o inicio da jornada de Jair rumo á Barretos...
A partir de um problema de saúde em família o personagem Jair se vê as voltas com um dilema ético... - Diante da morte, quem morre primeiro, nós ou os outros?
Colocando á prova as convicções de Jair, personagens fantasmagóricos são os seus parceiros em seu regresso á Barretos, onde sua mãe está hospitalizada.
Ficção e realidade vão se misturando no percurso em que se encaminha, deixando a pergunta; em momentos difíceis da vida, onde estão em jogo à vida e a morte das pessoas, como nós nos sentiríamos? Quais atitudes tomaríamos, se somos tão humanos?
Ainda mais quando os envolvidos são pessoas queridas!
E assim, vai se constituindo o enredo deste “A escolha” de Roberto Ferrari.
A leitura deste livro, fluida, trás momentos de descontração, momentos de tensão, que desembocam em um final surpreendente...
Pois, ás vezes nada é o que parece, é o que sentimos e o que pensamos...
Mas, tem horas que as coisas são como são ou como tem que vir a ser...
É nesta tênue linha entre realidade e expectativa que caminha o texto de Roberto Ferrari, e que dá sentido ao titulo do livro...
Uma escolha não é uma opção entre realidades e expectativas?
É quando deixam a atmosfera das possibilidades que as escolhas se transformam em um fato real, uma atitude concreta, que fatalmente trará consequências...
Este é o escopo deste “A escolha”, cuja leitura também se apresenta leve, posto que não adensa discussões filosóficas, embora estas permeiem o livro... Estando impregnadas, creio eu, na própria feitura desta peça literária.
Assim, fica a dica para a leitura deste “A escolha” de Roberto Ferrari, lembrando que lê-lo pode ser mais uma opção neste panorama literário nacional, uma escolha, portanto pessoal, que certamente trará algum desdobramento...
Mas, não lê-lo, também uma escolha pessoal, poderá afastar o leitor que se ausenta, do que vem a dezesseis livros se firmando como o mais novo escritor de nossa língua portuguesa!
Sinto que a pena de Roberto Ferrari tem folego para outros voos literários, aos quais espero com entusiasmo...
Eu neste momento escolhi ler “A escolha”, quem me acompanha?
E ao fazê-lo, tenho em mim a certeza de que não perdi o fio da meada da história literária de Roberto Ferrari...
E ao contrário de Jair, personagem de Roberto Ferrari neste “A escolha”; tão cheio de incertezas, quanto a estar presente nas primissias da carreira literária de Roberto Ferrari, posso afirmar convicto, o que os leitores deste "A escolha" de Roberto Ferrari, pela RG Editores, poderão confirmar:
“Eu montei o touro mecânico em Americana.”
No mais, eu me alinho com Jair, contestando João Maria Vianney, não tenho amizade com o sem nome!


Edvaldo Rosa
www.sacpaixao.net
05/07/2019