O Pastor e o aconselhamento

PIERRE, Jeremy, e REJU, Deepak. O Pastor e o aconselhamento: um guia básico para aconselhamento de membros em necessidades. São José dos Campos, SP: Fiel, 2015.

Jeremy Pierre é PhD pelo The Southern Baptist Theological Seminary, pastor da Igreja Batista Clifton, em Louisville, KY, além de conselheiro do Departamento de Aconselhamento e Espiritualidade do The Southern Baptist Theological Seminary. Deepak Reju também é PhD pela mesma instituição e pastor de aconselhamento da Igreja Batista Capitol Hill, em Washington, DC, além de servir como presidente do conselho de diretores do Biblical Counseling Coalition. O livro tem um total de 198 páginas distribuídas em três partes distintas com 8 capítulos, além de 4 apêndices com importantes informações sobre o processo de aconselhamento. O livro foi traduzido para o português por Francisco Wellington Ferreira, e quem faz sua apresentação é Gilson Santos, formado em teologia e psicologia, compondo o corpo pastoral da Igreja Batista da Graça em São José dos Campos. SP.

A primeira parte do livro os autores trabalham o “CONCEITO DE ACONSELHAMENTO” em três capítulos. Desta forma eles introduzem falando sobre como é difícil “a vida num mundo caído que é cheia de miséria”. É nesse contexto que somos chamados a aconselhar, contudo, não baseados em técnicas superdesenvolvidas, “mas em Jesus Cristo que é tanto o meio de mudança como também o alvo de mudança”. A palavra de ordem do primeiro capitulo é o cuidado com as pessoas. Os autores não medem esforços para nos fazer compreender que a função pastoral exige um labor, um envolvimento mais profundo com as pessoas, mesmo que sejamos intimidados pelo medo. Os pastores devem se identificar com os sofrimentos das ovelhas, falara com Deus delas e de Deus pra elas. “Nosso principal argumento aqui é que o medo do fracasso não deve impedi-lo de chegar nos lugares mais sombrios” (47). Em todo o capitulo fica evidente o cuidado para nos identificarmos com Jesus e ne nos apoiarmos.

No segundo capitulo, mesmo que pareça obvio, “onde começamos”, é a pergunta inicial, uma vez que o “aconselhamento é, por natureza orientado por demandas” (52), os pastores devem estar preparados para aconselhar as pessoas em suas lutas reais e cotidianas, pois é pra isso que vão procurar os pastores em seus gabinetes. Aqui somos inteirados de como se iniciar um processo de aconselhamento, que pode ser buscado pela pessoa que necessita, por alguém próximo de tal pessoa, ou pelo próprio pastor que toma a iniciativa. Qualquer que seja a situação o pastor deve ter a sabedoria de quando começa e por quanto tempo prosseguir, sabendo que, “situações diferentes exigirão diferentes estilos de prosseguimento ou acompanhamento” (63). Compreendido o aspecto inicial somos convidados no terceiro capitulo a conhecer o método. Basicamente envolve três ações que são, “ouvir, considerar, e depois falar”. Em cada uma destas ações o aconselhamento deve abordar quatro perspectivas envolvidas que são, “circunstâncias, outras pessoas, o Ego, e Deus”. Essa é a definição do conceito de aconselhamento.

Na segunda parte do livro é trabalhado o “PROCESSO”, de forma similar em três capítulos que tratam do encontro inicial, o trabalho por mudança e o encontro final. Quão difícil é o encontro inicial, e é sobre isso que o capitulo quatro vai falar. Aqui os autores retomam a questão do ouvir, porém acrescentam o estabelecimento de uma conexão relacional para facilitar a entrada do assunto que pode começar com uma simples pergunta do tipo: “como posso te ajudar hoje” (79). Contudo não deve ser apenas uma pergunta vazia, antes, deve ser acompanhada durante o processo de respeito, confiança, amor, e em específico demonstrando sempre esperança de que as coisas podem melhorar, pois “toda esperança descansa, em última análise, na obra consumada de Cristo” (87).

No quinto capitulo os autores se propõem a ensinar “como manter em andamento o processo de aconselhamento” (96). Entre os muitos conselhos que são apresentados, os autores dizem que as maiores reclamações de quem busca aconselhamento é que seus conselheiros nãos ensinam a lidar com os problemas. Desta forma a uma série de questões propostas como por exemplo: oferecer remédios redentores, reintroduzir Deus por sua palavra, confortar e reorientar, além de sugerir alvos de curto e longo prazo. O capitulo termina com algumas perguntas que o conselheiro deve ter em mente na sessão de aconselhamento. No capitulo seis que é “O ENCONTRO FINAL”, que é, segundo os autores a parte mais difícil, pois “quando terminar o aconselhamento é sempre um julgamento que exige sabedoria” (120). O término do aconselhamento exige atenção nos sinais positivos, como por exemplo o próprio crescimento da pessoa envolvida, e nos sinais negativos, quando se percebe que não há evolução, ou talvez até tenha piorado a situação e haja a necessidade de encaminhar a outra pessoa. Na continuação os autores nos orientam que tendo isto em vista, busque retomar os principais pontos trabalhados, compreendendo que “o objetivo é ajudar as pessoas a conhecerem a Deus por meio de sua palavra. Este é sempre o melhor plano de longo prazo para discipulado cristão” (132).

A terceira e ultima parte trabalha “O CONTEXTO”, e está dividia em dois capítulos, sendo que o primeiro enfatiza a necessidade de nunca trabalhar sozinho nesse processo de aconselhamento, antes, segundo os autores, formar na igreja uma cultura de discipulado. A definição de cultura proposta, é de “um conjunto de crenças, valores e práticas compartilhadas” (138), e a definição de discipulado é amar uns aos outros, nesse sentido é tarefa do pastor estar moldando a cultura local para que todos em amor uns aos outros o ajudem e se ajudem quando os problemas vierem. Uma das formas pelas quais o pastor pode fazer isso é de duas maneiras, ou seja, “ensino e modelo” (145).

No oitavo e último capítulo, dentro ainda do “CONTEXTO”, os autores trabalham a utilização de recursos externos com sabedoria. O ministério pastoral tem suas limitações, e reconhecer isto é usar de sabedoria. Conforme apontam os autores, existem alguns indicativos de que é hora para buscar ajuda de fora, como por exemplo: “você está sozinho e no limite de suas possibilidades, você tentou o seu melhor sem muito resultado, você tem necessidade de ajuda médica” (158). Entre os tipos de ajuda que podem ser uteis, são apontadas, o aconselhamento de igrejas ou instituições paraeclesiásticas com outros pastores, o aconselhamento profissional com terapeutas, e ajuda médica ou psiquiátrica. Porém os conselheiros devem ter em mente que,

“você não pode passar a responsabilidade pela alma de um membro de igreja a outro tutor, seja ele cristão ou não” (169).

O PASTOR E O ACONSELHAMENTO é, um livro que veio contribuir em uma área muito delicada no ministério pastoral. É uma obra recomendada aos jovens pastores que estão entrando no ministério como um guia para suas atividades, bem como para pastores que já têm uma caminhada, mas que se deparam com questões que os afrontam por não saberem como lidar, e as vezes deixando de lado algo crucial em suas funções como cuidadores de almas. O livro é escrito em uma linguagem muito clara, o que cativa os leitores, além é claro dos temas abordados. Talvez a editora não precisasse gastar no início tantas páginas com recomendações por pessoas notoriamente reconhecidas, uma vez que por si só a obra já bastaria para sua recomendação. Enfim, para quem quer seguir o exemplo do Grande Pastor que dá a sua vida pelas ovelhas, recomendo o livro, pois uma das principais características que ficam evidentes é a preocupação dos autores em não se distanciarem da palavra de Deus como fundamento para o aconselhamento.

Marcelo Junio Silva
Enviado por Marcelo Junio Silva em 31/07/2019
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