"O Castelo de Otranto" de Horace Walpole

"O Castelo de Otranto", é um romance escrito pelo aristocrata inglês Horace Walpole (1717-1797) e que foi publicado em 1764. É considerado o primeiro romance da Literatura Gótica, devido aos recursos utilizados pelo autor, que mesclava dois tipos de romance, o antigo e o moderno, o primeiro trazendo o sobrenatural, o inexplicável, e o segundo as paixões, dilemas e contradições humanas.

O romance narra a história do príncipe Manfred, senhor do castelo de Otranto, e sua família. O livro se inicia no dia em que o seu filho Conrad se casaria com a princesa Isabella. Porém, pouco antes do casamento, Conrad é esmagado e morto por um elmo gigante que cai de algum lugar desconhecido. O ocorrido sem explicação deixa Manfred menos preocupado com a morte do filho do que com uma antiga profecia de que se recordou que dizia que "o castelo e o título de senhor de Otranto não mais pertenceriam à família atual caso o proprietário legítimo se tornasse grande demais para habitá-lo". Manfred, então, temendo o fim de sua linhagem, decide se casar com Isabella e se divorciar de sua esposa Hipólita, que não lhe deu um herdeiro que desse continuadade à sua linhagem. A partir disto, muitos eventos estranhos, inesperados e trágicos acontecem.

O livro apresenta uma história simples e com linguagem acessível, além de ser bem curto, tanto que se passa em apenas 3 dias, divididos em 5 capítulos. No entanto, a sua brevidade não torna a obra superficial, mas direta, sem muita enrolação, trazendo em poucas linhas a fórmula que moldou a Literatura Gótica clássica: o castelo gótico, a atmosfera sombria e de suspense, o príncipe malvado e atormentado, as princesas puras e virtuosas, assassinatos misteriosos e inesperados, segredos do passado, uma maldição antiga sobre uma família e visões fantasmagóricas.

Os personagens do livro apresentam elementos que flertam com o Pré-Romantismo da época, como o sentimentalismo, os amores platônicos e uma melancolia intrínseca. Inclusivam ambos (Literatura Gótica e Romantismo) surgem na segunda metade do século XVIII em oposição ao pensamento iluminista da época, que valorizava apenas a razão em detrimento dos sentimentos, representando também os indivíduos da época, que eram filhos de revoluções sociais e políticas e não tinham voz.

Curiosamente, em sua primeira publicação, Horace Walpole não se identifcou como o autor, apresentando-se apenas como um tradutor de um suposto romance misterioso que havia sido composto entre 1095 e 1243, na Itália, e o manuscrito original teria sido impresso em Nápoles em 1529. A obra fez um enorme sucesso entre a burguesia da época, que encontrou no livro um escape da monotonia da realidade e das imposições do racionalismo.

No prefácio da segunda edição, o autor se retratou e se identificou. Nesta mesma edição, o autor adicionou o subtítulo “Uma História Gótica”, criando um influente movimento literário que até hoje tem nomes importantes, começando por Ann Radcliffe, Matthew Lewis, Percy e Mary Shelley, passando por Sheridan Le Fanu, Robert Stevenson, Bram Stoker e Edgar Allan Poe, até chegar em H.P. Lovecraft, Anne Rice e Stephen King. No Brasil, o maior representante do movimento foi Álvares de Azevedo. E ainda, “O Castelo de Otranto” influenciou direta e/ou indiretamente toda uma cultura popular que até hoje se vê na música, na televisão, nos jogos, nos desenhos e no cinema. Ou seja, é inegável a relevância desta obra, que se tornou essencial para os amantes de literatura, principalmente em sua faceta mais soturna. Além de “O Castelo de Otranto”, Horace Walpole publicou diversas obras apesar de não tão célebres quanto esta, que atualmente já conta com mais de 150 edições.

Renan Caíque
Enviado por Renan Caíque em 12/11/2019
Reeditado em 17/07/2021
Código do texto: T6792905
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