O corpo na biblioteca

O CORPO NA BIBLIOTECA
Miguel Carqueija

Resenha do romance “Um corpo na biblioteca”, de Agatha Christie. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro-RJ, 2014. Título original: “The body in the library”, copyright 1942 by Agatha Christie Limited, Clorion Company, Inglaterra. Tradução: Edilson Alkmin Cunha.

Este é um dos casos de Miss Jane Marple, uma velha de aldeia que se mete em casos de assassinato e sempre acaba descobrindo a verdade. Mais discreta e menos narcisista que Hercule Poirot, Miss Marple não protagoniza todos os capítulos. A história começa com o Coronel Arthur Bentry e sua esposa Dolly, avisados pela criadagem, tendo a desagradável surpresa de descobrir que há um cadáver na biblioteca da mansão, o corpo de uma jovem, ali colocado durante a noite depois de forçada a janela. Ao longo do romance vários policiais, como o Inspetor Slock e o Coronel Melcheti, fazem investigações, interrogatórios, e Miss Marple até some um pouco, e só paulatinamente ganha importância na trama.
De passagem vale observar que a invasão de uma residência para ali deixar um cadáver só tem verossimilhança pela ausência de cachorros. Uma típica residência de militar reformado na província não teria cães de guarda? Mas o fato é que eles atrapalhariam a trama desenvolvida pela autora que, inclusive, cita no texto, através de um personagem, a si mesma e a outros autores, até mesmo a rival Dorothy L. Sayers.
A trama, como é comum nas obras de Agatha Christie, apresenta diversas reviravoltas, até com a ocorrência de outro assassinato, e no fim se destaca a lição de Miss Marple: numa investigação você não deve acreditar de saída no que as pessoas falam. Muitas vezes pode ser a mais deslavada mentira.

Rio de Janeiro, 27 de março de 2018.