Nota sobre "O Cavalo Amarelo", de Agatha Christie
Mark Easterbrook, um historiador que parece apenas passear pela vida, se vê às voltas d'um mistério intrigante, isto é, bruxas aparentemente capazes de matar pessoas à distância. Diante de um expediente criminoso que desafia o materialismo arraigado na sociedade inglesa, e, a muito custo, também presente em seu coração, Mark meio que encontra um sentido para sua vida, ou seja, algo para onde canalizar a maior parte de suas energias. Ele precisa desvendar aquele enigma e impedir que mais pessoas morram.
Eu ainda não sou grande fã de Agatha Christie -- li pouco dela, e o que li achei apenas razoável --, mas "O Cavalo Amarelo" é um livrinho muito do satisfatório: os personagens estão bem tecidos, o que é um feito e tanto, pois a história não é longa; Mark Easterbrook, que conduz a maior parte da narração, é carismático, e ademais, tenho a impressão de que todas as pontas, mesmo as menores e mais indiretas, na trama ou em seus recursos, estão amarradas.
Na primeira cena com a Sra. Ariadne, por exemplo, Easterbrook nota que os objetos no escritório da mulher estavam dispostos nos lugares mais incríveis, e a cena acaba com Ariadne se perguntando sobre o paradeiro dos seus óculos. Em outra ocasião, Mark e amigos comentam sobre bruxas após assistir uma encenação de "Macbeth", e um dos sujeitos presentes no colóquio diz que seria muito mais assustador se gente malvada ou perturbada agisse com mais naturalidade; pois bem, a história tem bruxas e, apesar d'uns exageros cênicos, aliás, já criticados pelos convivas na mesma conversa sobre a encenação de "Macbeth", elas agem com naturalidade aqui e ali.
Ainda há a questão dos nomes das personagens, muitos nomes ali certamente foram escolhidos com consciência e contribuem para a riqueza da obra.
Em suma, "O Cavalo Amarelo" vale ser lido.
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Bragança Paulista, 2020
Yuri Igor
Enviado por Yuri Igor em 03/10/2020
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