NOS CONTENTAMOS COM MUITO POUCO!

Estou tendo o privilégio de ler, pela primeira vez, ensaios do grande C.S Lewis. Apesar do pouco contato com suas obras, posso concluir que ele foi dono de uma das mentes mais brilhantes já conhecidas aqui. O livro onde esses sermões estão reunidos é O Peso da Glória, lançado pela Thomas Nelson Brasil.

Suponho que seja impossível apenas ler os escritos de Lewis. Para que se entenda, o que não é muito fácil, e tenha esse entendimento fixado, acredito que uma boa prática é fazer observações particulares sobre aquilo que se está lendo. Por exemplo, que alusão poderia eu fazer com o cenário que hoje vivo? Ao ler isso, lembro-me de que? O que, para mim, Lewis está querendo dizer? Responder questões como estas, torna a leitura bem mais interessante e te aproxima dos assuntos abordados. Além disso, futuramente você pode consultar suas anotações e saber exatamente sobre o que você leu há tempos atrás, sem precisar ler tudo novamente, por exemplo.

É por isso que irei reunir aqui os meus simples comentários acerca das obras de Lewis, inicilamente, sobre o primeiro capítulo do livro em questão, que deu nome a obra.

Capítulo 1 - O Peso da Glória (primeira parte)

Uma das passagens mais marcantes deste livro, encontra-se nas primeiras palavras de Lewis nesse sermão. Ele diz que nós, criaturas humanas, nos contentamos com muito pouco. Parece contraditório, já que temos uma tendência a sempre sentir falta de algo e nunca estar satisfeitos. Mas ao pararmos para analisar, veremos que isso é a mais pura realidade da vida humana. Nós nos contentamos com muito pouco, com quase nada. Temos sede o tempo inteiro, mas parece que já está bom demais buscar água nas fontes erradas que nunca mata essa sede, ainda que exista a única Fonte que poderia nos saciar, estamos distraídos demais para isso.

"Somos criaturas medíocres, brincando com bebida, sexo e ambição,

quando a alegria infinita nos é oferecida, como uma criança ignorante

que prefere fazer castelos na lama em meio à insalubridade por não

imaginar o que significa o convite de passar um feriado na praia. Nos

contentamos com muito pouco" (C.S Lewis).

Eis a explicação. A mais pura realidade do quadro em que vive a humanidade caída. Temos a promessa de glória eterna mas preferimos a desonra tão passageira. Por quê? Acredito que por continuarmos dando ouvidos ao nosso maior inimigo, nós mesmos, nosso enganoso coração. Ao fazer isso, achamos que é difícil demais, até impossível, abrir mão dos nossos desejos, sonhos, ambições, ideologias e tudo o mais. Seria um sacrifício grande demais, é o que pensamos. Mas não nos damos conta de que a maior perda, é na verdade, continuar nessa vida de falsa liberdade, na busca por um mundo ideal que nunca chegará. O final disso tudo, é a morte, e morte eterna. Existe algo pior que isso? Sacrificar sua própria vida por se amar demais, e no final de tudo, acabar se perdendo para sempre? Como disse Jesus... "porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á" (Mt 16.25).

Então, é nesse paradoxo em que o mundo se encontra. Ao mesmo tempo que nunca está satisfeito, se contenta com muito pouco. Por nunca estar satisfeito, em sua vida descontente, procura o mundo ideal, perfeito, que nunca existirá, pelo menos não aqui nem agora. O atual sistema que rege o mundo, tenta a todo custo fazer com que as pessoas acreditem nisso, nessa ideia de progresso, de que ainda não chegaram onde deveriam estar. Isso gera um espírito de revolta em diversas pessoas. Todos aborrecidos. Gays, mulheres, negros, trabalhadores, jovens, não-aposentados, enfim, os grupos são inúmeros. Todos aborrecidos com o seu modo de viver e querendo destruir o dos outros, até mesmo daqueles poucos que se encontram satisfeitos. Mas a questão é que não importa quantos protestos forem feitos, quantas leis forem aprovadas, quantas tradições forem eliminadas, ainda que essa tal "felicidade" futura chegue para todos esses grupos, a insatisfação ainda existirá. Por quê? Porque o verdadeiro anseio do homem não é por alguma coisa ou pessoa que esteja aqui. Mas é o anseio pela Eternidade... "também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade" (Ec 3.11). Sendo assim, Lewis estava certo ao dizer que "seja como for, continuamos cônscios de um desejo que nenhuma felicidade natural é capaz de satisfazer.".

O mundo está em busca de liberdade, isso é verdade. Grupos querem se libertar de outros grupos. Gays querem se ver livres dos costumes héteros, mulheres dos homens opressores, negros dos brancos racistas, trabalhadores de seus patrões injustos. Mas ainda que encontrem essa liberdade, que a chamo de ilusória, continuarão sendo escravos de si mesmos, do pecado. E é justamente por isso, por sentir tanta falta de algo que nem conhecem, que se contentam com o pouco que conhecem: bebida, sexo e ambição. Uma coisa leva a outra, gerando esse vazio enorme e consequentemente outros males. Finalizo com uma das mais belas afirmações que já ouvi, "o homem mais livre da face da terra é o que faz de si mesmo um escravo para o Mestre Perfeito" (Paul Washer). A liberdade está em Jesus. Até que aceitemos isso, continuaremos nos contentando com muito pouco, pensando ser difícil demais abrir mão disso e perdendo o "muito muito" que nos é prometido.

Joanny
Enviado por Joanny em 22/12/2020
Reeditado em 23/12/2020
Código do texto: T7141791
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