A Filosofia como remédio para o desemprego

 A Filosofia Como Remédio Para o Desemprego (Cianni, Jean-Louis; tradução Clóvis Marques. - Rio de Janeiro: Best-seller, 2009) é um ensaio escrito a partir  de um drama pessoal que cada vez mais será comum no mundo atual e no futuro - o desemprego. A sensação de inutilidade o fez recorrer à filosofia como consolo para a sua condição de desempregado e o livro vai além é uma reflexão sobre a condição humana. A filosofia é um remédio, uma terapia não só para os desempregados, mas para todos aqueles que de uma maneira ou de outra buscam dar sentido a sua existência diante de um mundo cada vez mais complexo determinado pelas tecnologias que nos aproxima e nos afasta um dos outros, da uniformização de gostos e de costumes, do apelo ao consumo onde cada vez mais somos levados a nos distanciar de nossa essência de modo a vivermos num vazio existencial. Esses dilemas ficam ainda mais dramáticos quando somos ceifados pelo desemprego aquilo que nos dá certa segurança e que é o pilar de uma sociedade baseada no emprego, na renda e no consumo. Mas o emprego não é só renda é também ocupação, ter o que fazer uma forma de preencher o vazio da vida moderna aquilo que nos dá alta estima e a sensação de que se é útil numa sociedade que não tolera o ócio, mas ao mesmo tempo produz cada vez mais desempregados. Um dos maiores paradoxos do mercado de trabalho  é que os processos tecnológicos introduzidos na produção promovem aquilo que os especialistas chamam de desemprego estrutural o desemprego gerado pela crescente automação e além desse o desemprego ocasionado pela retração do mercado global.   Cianni afirma logo no inicio de seus escritos sobre a condição de desempregado “Era como se estivesse quase morto. Em conseqüência de um período de desemprego de longa duração, eu me enfraquecia e me desvalorizava." Para o autor estar desempregado é a morte civil a perda de identidade, uma provação das mais duras que um homem pode enfrentar uma experiência de desamparo diante dessa dura realidade. Ao  invés de recorrer às fugas como o álcool, drogas e ansiolíticos e a psicologia e seus métodos de programação mental, e as técnicas de desenvolvimento pessoal que o autor diz não acreditar,  trilha o caminho da filosofia que em sua origem sempre foi um conhecimento voltado para a autocompreensão e de consolo aos dilemas existenciais  dos homens "de modo a aplacar os temores e preocupações” É assim que Cianni  irá buscar na tradição filosófica e nas suas escolas, o que ele denomina de  “tratamento de choque” para os seus dilemas e sofrimentos.  Ele ira se  aconselhar em Filósofos de diversas tradições e escolas como Pitágoras Sócrates, Platão, Sêneca, Epicuro, Espinosa, Santo Agostinho, Schopenhauer, Heidegger, Sartre, enfim é um passeio sobre a História da  Filosofia e o que cada filósofo ou escola filosófica tem a lhe dizer e delas extrair lições. O interessante é que o livro parece ser sobre como morreram os filósofos, mas ao retratar as circunstancias das mortes de cada um o autor esta tentando com isso extrair lições de sua própria morte civil e da morte como destino final de todos nós mesmo num mundo onde a tecnologia pretende tornar os homens imortais e onde a morte é escondida e torna-se para alguns cientistas e filósofos como um mero problema técnico a ser resolvido um dia pela tecnociência.  Na introdução do texto o autor fala que seu projeto terapêutico começava a dar resultados “eu encontrava argumentação para meu pessimismo mais profundo"  para o autor suas  meditações  à luz da filosofia retomavam a antiga tradição de uma filosofia prática  e vivenciada e tinham como ponto de partida sua experiência pessoal do desemprego  e dos temas por ele oferecidos. Ele afirma que não existe morte filosófica, ou seja, a filosofia estará sempre viva enquanto houver seres humanos sensíveis e questionadores o que há é a “morte de filósofos individualizada” Cita Nietzsche que  afirmava que era preciso "tratar os grandes problemas como se fosse um banho frio: entrar e sair rápido". Para o autor é o objetivo do seu livro “Passar das considerações sobre a morte ao aumento da força anímica daí resultante e consolar-nos com uma 'gaia  ciência. Entender, tornar-mos mais fortes nos abrirmos para os outros: eis aí o kit de sobrevivência da filosofia"   tão útil  aos desalentados, aos enlutados destes tempos sombrios em que  vivemos.
 
Labareda
Enviado por Labareda em 30/03/2021
Reeditado em 11/04/2021
Código do texto: T7219873
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