Dale Carnegie: o manual da amizade

DALE CARNEGIE: O MANUAL DA AMIZADE
Miguel Carqueija

Resenha do livro “Como fazer amigos e influenciar pessoas”, por Dale Carnegie. Cia. Editora Nacional, São Paulo-SP, 30ª edição, 1977. Tradução: Fernando Tude de Souza. Título original norte-americano: “How to win friends and influence people”, “copyright” 1936 de Dale Carnegie. Introdução de Lowell Thomas.

Este parece ser o pai dos livros de auto-ajuda, com N reimpressões pelo mundo. Até em história em quadrinhos vi referência ao mesmo.
Dale Carnegie procura mostrar aos leitores envolvidos com negócios que o melhor meio de obter sucesso é agradar as pessoas e jamais confrontá-las, utilizando truques psicológicos e de dialética. E apresenta inúmeros exemplos, até de gente famosa, para fundamentar sua argumentação. Sem dúvida, um livro que deu trabalho para escrever mas que deve ter sido redigido sob forte convicção.
Vejamos, por exemplo, o que Carnegie conta sobre o “agressivo irlandês” Patrick O’Haine, que tentava sobreviver com a venda de automóveis e caminhões. Fica evidente que O’Haine não obtinha muito êxito nas vendas porque não sabia ser diplomático. Discutia com os fregueses em potencial. “Se o freguês dizia alguma coisa pouco agradável sobre os caminhões que estava vendendo, Pat ficava colérico e brigava com o mesmo”. “Meu primeiro problema não foi ensinar Patrick O’Haine a falar. Minha preocupação imediata foi treiná-lo a refrear a linguagem e evitar lutas verbais.”
Seguindo a orientação de Carnegie ele se tornou um grande vendedor.
Outro truque é deixar a pessoa falar sobre coisas que a envaidecem. Como certo Sr. Webb que, para conseguir vender eletricidade a uma granjeira meio antiquada, estimulou-a a falar da sua criação de galinhas.
Cada capítulo termina com a explicitação de uma regra, como esta, que encerra o capítulo IV: “Comece de um modo amistoso”.
A última parte do livro passa de assuntos comerciais para matrimoniais.
Algumas considerações e teses talvez hoje pareçam muito ingênuas, de tal modo a sociedade se tornou cínica, mas o livro é um grande clássico. Por outro lado, há um evidente estímulo a uma adulação meio disfarçada.

Rio de Janeiro, 22 de novembro de 2020.