A presença de Deus

Resenha do opúsculo "Breve introdução ao exercício da Presença de Deus", por Conrado Hock. Casa Editora Livraria do Centro Boa Imprensa (antiga João Maya), Porto Alegre-RS, 1932. Tradução do alemão por uma Irmã Franciscana. "Nihil obstat" de Monsenhor Nicolau Max, Porto Alegre, 19 de outubro de 1931. Imprima-se: Monsenhor Leopoldo Neiis, Porto Alegre, 20 de outubro de 1931. Impresso nas oficinas gráficas do Santuário de Nossa Senhora Aparecida (SP).

Minha mãe, Georgeta, estudou em colégio de freiras (o Gonçalves de Araújo) e conservou ao longo da vida um bom número de livros devocionais. Alguns eu conservo até hoje. Lamento que se tenha perdido, por muito estragada, a "História de uma alma", de Santa Teresinha do Menino Jesus, resultado de diversas mudanças (mudança de residência é uma das coisas que mais estragam livros).
Este opúsculo aqui focalizado tem apenas 32 páginas contando as capas, mas é extremamente valioso, escrito em linguagem escorreita e sóbria, repleta aliás de sabedoria.
Deus é onipresente, sabemos. Entretanto a maior parte das pessoas, mesmo cristãs, esquece facilmente desta sublime presença, que nos deveria sempre afastar do pecado e da frivolidade. 
Este livrinho desenvolve um método repleto de bom senso para ter sempre presente esta Presença. E eu lamento só agora ter lido. Há muitos anos cultivo o hábito de anotar na contra-capa a data em que terminei a leitura de um livro, nada havia neste e também, pelo contrário, não recordo de ter lido antes.
"Andar continuamente na presença de Deus quer dizer estar sempre, ou quase sempre, consciente da presença de Deus. A pessoa que vive na presença de Deus, muitas vezes durante a hora, e mais demoradamente no decurso do dia, expressa e exclusivamente, lembrar-se-á da presença de Deus, dirigindo-se-lhe com orações breves ou prolongadas."
"Quem quiser aprender bem depressa a andar perante Deus, fará bem de esforçar-se desde logo por dirigir as suas orações a Deus presente, isto é, conservar durante a oração a convicção de estar falando com Deus que está com ele e dentro dele, e não a um Deus reinante no seu trono, longe, na vastidão dos céus."
O autor assim vai discorrendo sobre os amplos benefícios deste atitude espiritual, lembrando inclusive que também no trabalho, nos chamados "deveres de estado",  devemos pensar em Deus, que tudo sabe sobre o que dizemos e fazemos. Aliás, acrescento eu que essa disposição de espírito é ótima para nos afastar das fofocas, sempre tão tentadoras.
"O pensamento na presença de Deus preserva não só do pecado mortal, mas também do venial. Uma alma, vivendo na presença de Deus, ama a Deus e tem a íntima convicção de ser por Ele amada."
É importante refletir nesta citação, entender que não se trata de viver no medo, mas viver no Amor, pois Deus é Amor. Este pensar constante em Deus estimula a bondade e solidariedade indispensáveis para manter sadio o tecido social.
Não sei se este opúsculo tão precioso foi reeditado.

Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2021.