O idiota, de Fiódor Dostoiévski (1821-1881)

O idiota, de Fiódor Dostoiévski (1821-1881) – um dos maiores romances da história da literatura

A narrativa tem como principal personagem o príncipe Liev Míchkin, um homem criado longe da Rússia – na Suíça, país no qual passou a morar por um bom tempo, aos cuidados de um médico da região – por causa de graves crises de epilepsia. Após longa internação num vilarejo sueco, o jovem de quase 30 anos decide se reinserir na sua sociedade natal, São Petersburgo, sem ter a menor ideia do que o aguarda. Como parte do preconceito da sociedade da época pela sua doença, ele é considerado como um perfeito idiota, considerado por todos como um verdadeiro bobo da corte.

Tudo ao seu redor – a doença, sua inocência, sua falta de manha – coopera para que seja caçoado o tempo todo.

O livro foi, inicialmente, divulgado em folhetim, pela revista O mensageiro russo; sua primeira parte foi publicada em março de 1868 e seus últimos capítulos em fevereiro de 1869.

O livro foi um dos escritos de Dostoiévski que mais receberam boas críticas da época.

O príncipe Míchkin, pode-se dizer, é uma mistura de Jesus Cristo e Dom Quixote (assim definido pelo próprio autor), uma impressionante figura abandonada pelos pais, atacado por intensas crises nervosas oriundas de seu estado epiléptico. Para criar a personagem Dostoiévski busca, em uma extensa pesquisa na literatura ocidental, seus modelos de homens que demonstravam ter essa beleza ideal que tanto retratar em seu romance.

De uma sinceridade fora do comum, amável e benigno, o príncipe encontra-se com rapidez surpreendente em situações sobre as quais pouco entende e nas quais os seus altivos predicados mais causam agitação do que solução... entre elas, acaba se apaixonando instantaneamente por Nastácia – mulher bonita e geniosa, que terá um papel fundamental no romance.

Antes de escrevê-lo concebeu uma história cujo protagonista fosse um homem de uma bondade fora do comum... escreveu em carta a uma amiga:

“A ideia do romance é uma ideia minha antiga e querida, mas tão difícil que durante muito tempo não me atrevi a colocá-la em prática… A ideia central do romance é representar um homem positivamente belo. No mundo não há nada mais difícil do que isso, sobretudo hoje. Todos os escritores, tanto nossos quanto… europeus, que se propuseram representar o positivamente belo, sempre acabaram se dando por vencidos. Porque esse problema é imenso. O belo é um ideal, e o ideal – seja o nosso, seja o da Europa civilizada – ainda está longe de ser criado”ª.

ªCitação retirada do prefácio escrito pelo tradutor Paulo Bezerra.