A Rosa do Povo - Carlos Drummond de Andrade

Andrade, Carlos Drummond de, A Rosa do Povo, prefácio de Affonso Romano de Santanna - 40 ª ed - Rio de Janeiro: Record, 2008.

Publicado em 1945, levando um período de dois anos para ser concluído, possui cinquenta e cinco poemas, tendo como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial.

Nessa época, vivia no Rio de Janeiro, trabalhando como chefe de gabinete do Ministro da Educação, Gustavo Capanema, no período Vargas, cargo que exercia desde 1934.

É o quinto livro de poesia do autor, sendo o primeiro Alguma Poesia(1930), publicado quinze anos antes, marcado pelo elemento da narratividade, do contar uma história, recurso esse há muito tempo abandonado por modernistas, mas que Drummond resgata nessa obra.

Escrito em um tempo marcado por conflitos entre democracia liberal x fascismo x comunismo, a palavra 'povo', elemento muito comum nas literaturas utópicas e ideologizadas, aparece de forma corriqueira no livro, evidenciando o caráter político de seus poemas. Temas como o cotidiano, o medo da guerra, a vida na cidade também são frequentes.

Como exemplo, o poema A Flor e a náusea, em que a flor representa o poema, a esperança que brota da náusea que simboliza o cotidiano, como indicado no título.

Drummond foi muito influenciado pelas ideias existencialistas de Heidegger e Satre, que inclusive escreveu um romance com o nome de A náusea. Motivo esse que representa uma visão lírica e dramática do mundo transcrito em seus poemas.

Movido por um sentimento de perplexidade e incapacidade do indivíduo de inserir-se no mundo de forma plena, o conflito Eu versos Mundo tornar-se notório na poesia drummondiana, principalmente nesta obra.

(2021)