Os discos voadores de B.R. Bruss

Resenha do romance de ficção científica "S.O.S. discos voadores", de B.R. Bruss. Editora Gertum Carneiro S.A. e Tecnoprint Gráfica S.A., Rio de Janeiro-RJ, Série Futuramica 560. Tradução: David Jardim Júnior. Título do original francês: "S.O.S. soucoupes", Editions Fleuve Noir e Documents & Reportages Internationaux, Paris.

Na verdade a antiga Série Futuramica não chegou a 560 números, isto seria um fenômeno extraordinário em se tratando do Brasil. As séries da Tecnoprint, depois Ediouro, ocupam espaços numéricos. A Futuramica começou no 551  - "Duelo dos mundos", de Paul Koenig, portanto este aqui é o número 10 da coleção.
As novelas selecionadas na Futuramica são em geral óperas espaciais (space operas), ou seja, a linha de aventuras espaciais descompromissadas. E nesta coleção, oriundas da França.
"S.O.S. discos voadores" passa-se no ano de 1961 e sua primeira edição data de 1954, sendo que o fenômeno dos discos voadores é conhecido desde 1947. O autor é famoso, embora pouco publicado no Brasil. Seu estilo é muito ingênuo.
Apesar de transcorrer a ação em futuro próximo (1961 era futuro) não menciona nenhuma personalidade real no enredo, isso embora entre a fundo na política da Guerra Fria entre EUA e URSS. Um disco voador cai acidentado nos Estados Unidos e vários descem espontaneamente na Rússia, onde propõem um acordo com o governo comunista.
É praticamente uma história de espionagem, onde os heróis norte-americanos buscam derrotar os vilões russos através de um agente infiltrado na Rússia, Ralph Clark, "agente S.202", irmão de John Clark, que permanecia nos EUA. Ralph era, na Rússia, Mikail Azimoff, que acaba se apaixonando por uma cientista soviética, Vera Kerounine. Esta por sua vez é assediada por Vladimir Pechkoff, um cientista sedento de poder.
A premissa da trama é que os marcianos, que chegam em seus poderosos UFOS, são uns seres vegetais desprovidos de emoções e de princípios, que pretendem dominar a Terra e fazem uma dúbia aliança com a Rússia, por se identificarem mais com aquele regime anti-democratico.
O autor se esforça para dar algum tipo de explicação para os prodigiosos aparelhos e instrumentos dos marcianos, e até que se sai bem. Quanto a Pechkoff, obsecado pelo poder, com seus aliados consegue promover uma "caça às bruxas": aqueles que se opõem à aliança com Marte para guerrear os Estados Unidos são tidos como traidores. Não é muito crível mas está no eixo da novela. Não é uma obra-prima, longe disso, mas pode ser lida.
B.R. Bruss (1895-1980) - pseudonimo dow escritor francês Auguste Isidoro René Bomefoy, autor de novelas de ficção científica, fantasia e terror.

Rio de Janeiro, 27 de novembro de 2021.