"JOÃO CONTA HISTÓRIAS E O FANTASMA DA ESTUFA" Peça teatral de: Flávio Cavalcante

JOÃO CONTA HISTÓRIAS E O FANTASMA DA ESTUFA

Peça teatral de:

Flávio Cavalcante

(BASEADO NA PERSONAGEM DE ANDRIEL FAGUNDES – “JOÃO CONTA HISTÓRIAS).

SINÓPSE

É indescritível o prazer de mergulhar profundo no mundo da imaginação da criança. Cada mergulho representa um flash de uma viagem voltando à um passado distante, revivendo em cada passo da inocência a pureza que um dia tivemos a oportunidade de vivenciar.

A educação vinda do berço, promove na criança uma base sólida de uma estrutura de formação acadêmica, que servirá de uma colheita farta mais tarde, deixando no seu interior boas lembranças, até saudosas, estas, que servirão de base na educação da nova geração porvir.

A contação de histórias traz uma base muito importante nesta formação; pois, uma semente fértil e saudável plantada em solo bem adubado, fatalmente irá se tornar uma árvore frondosa e a colheita será de muita fartura e de frutos saborosos e adocicados.

Ao escrever esta peça, vivenciei através dos personagens já existentes e bem criativos do educador e contador de histórias Andriel Fagundes, um mundo diferenciado do imaginário infantil, onde, dando vida à uma contação de histórias, vemos as vontades próprias de cada personagem, podendo no decorrer da estória, transformá-los em história, onde mostramos a personalidade se formando de cada criança e a presença do mentor, conduzindo para uma melhor formação, afastando no começo das suas vidas, as mazelas e deixando apenas os bons ensinamentos próprios, necessários para a formação dos nossos pequeninos.

“João conta histórias e o Fantasma da Estufa” Traz todo este embasamento de educação, mostrando desde cedo para a criançada, como subir cada degrau de sua fase evolutiva, sem pressa e com paciência, respeitando que o seu direito começa quando direito do coleguinha termina.

BOM ESPETÁCULO PARA TODOS

Flávio Cavalcante

ROLL DOS PERSONAGENS

JOÃO CONTA HISTÓRIAS

PEIXE DO RIO

SEREIA IARA

MINHOCA SALOMÉ

JUJUBA FOLIA

PORCO PEPO

FANTASMA DA ESTUFA

(A sonoplastia libera uma música bem animada, com sons de grilos cantantes, passarinhos, corujas, marrecos, gargalhadas de bruxas, palhaços falando respeitável público. As luzes bailam confusamente e em diversas cores. Personagens diferenciados entram em cena com características de animais numa confusão e desencontro entrando e sando de cenas no ritmo da música com cabeças de personagens diferente. De repente um blackout. a sonoplastia entra só com o som de riacho, pássaros, grilos e cigarra. A cena vai clareando gradativamente. Em cena está a pequena Sereia Iara em cima de uma pedra, solfejando uma linda canção com um boneco artesanal. O cenário é composto um grande baú, e algumas olhas secas espalhadas ao chão.

NARRAÇÃO

No meio do mato, perto do riacho encantado das águas douradas e límpidas, vinda da fonte do amor e da alegria, existia uma linda sereia chamada Iara, vaidosa, que adorava a sua beleza e não parava de se olhar no espelho. Vivia solitária, sentada sobre uma pedra e que adorava contar historinhas para seus amiguinhos, a bicharada da floresta. A beleza daquele lugar teria tudo pra emanar felicidade, mas deixava na pequena e linda sereia uma tristeza profunda por suas limitações. O sonho desta linda Sereia era poder contar suas histórias em cada canto daquele lugar encantado, pois, não havia paz na floresta e sentindo esta necessidade, criou um boneco que ela batizou de João conta histórias para ouvir também as histórias nas horas das suas maiores tristezas. Os bichinhos não estavam se entendendo nas suas histórias; pois, não havia naquele reinado da bela sereia alguém capaz de contar a história de cada um e assim trazer a paz e a alegria que sempre reinou no lugar. A única forma que ela via, era de dar vida ao boneco; mas para isto teria que recuperar o sino mágico das mãos do malvado Fantasma da Estufa. Será que a linda Sereia Iara vai conseguir recuperar o sino mágico? Será? Veja com seus próprios olhos o que está prestes à acontecer.

SEREIA IARA

(Conversando com o boneco). Ah, meu amiguinho João conta histórias... Só você pra escutar as minhas lamentações. A bicharada não estão se entendendo e isto está me deixando com uma tristeza do tamanho do mundo. Você precisa se tornar gente pra me ajudar à contar histórias por toda a floresta. Isto só é possível com o sino mágico, mas está nas mãos daquele malvado Fantasma da Estufa. Por enquanto eu não posso fazer nada! (A Sereia Iara chora inconsolavelmente. O Peixe do Rio aparece encostado na pedra).

PEIXE DO RIO

Por que choras tanto, pequena e bela Sereia Iara?

SEREIA IARA

Ora, ora, Peixe do Rio... Eu estou tão triste, você não está vendo?

PEIXE DO RIO

Estou sim... Mas qual o motivo de tanta tristeza... Olhe o sol como está feliz... As borboletas estão sobrevoando as flores e o pomar... Só a bicharada que estão em pé de guerra... Mas o resto tá tudo normal...

SEREIA IARA

Estou triste exatamente por isto.... Com tudo que vem acontecendo com a nossa bicharada... Eu já contei toda história que eu tinha pra contar pra o João conta histórias... Eu me empolgo tanto e quando eu estou bem empolgada, percebo que ele ainda é um boneco... Eu não aguento e começo à chorar... (Chora).

PEIXE DO RIO

Mas minha Sereia Iara, pra você isto não é problema... Pegue o seu sino mágico e faça ele virar o João conta histórias de verdade...

SEREIA IARA

Seria até uma excelente ideia, Peixe do Rio... Se o sino mágico estivesse comigo...

PEIXE DO RIO

(Espantado). Como assim? O sino mágico não está com você? Isso é muito grave, Sereia Iara...

SEREIA IARA

Pois é, Peixe do Rio... Enquanto eu mergulhava nas águas claras do rio, deixei o Porco Pepo tomando conta do sino... Quando eu voltei, o Porco Pepo estava apavorado, chorando, dizendo que o Fantasma da Estufa apareceu de repente e disse com a voz bem grossa. “Ou me dá o sino mágico, ou vou levar você pra morar comigo dentro da tumba” Ele acabou entregando o sino mágico. Eu também entregaria. Olhe o estrago que esse Fantasma está fazendo aqui na floresta.

PEIXE DO RIO

(Com expressão de raiva). Olhe que eu estou com muita raiva desse fantasma...

SEREIA IARA

Eu também, mas fazer o que? Ela não pode usar o sino mágico; pois, ele não conhece o código. Em compensação também não posso fazer nada sem ele. (A sonoplastia libera uma música dando entender que a Minhoca Salomé está chegando).

PEIXE DO RIO

Vou embora... Aquela minhoca maluca, atrevida e chata está chegando...

SEREIA IARA

Vá e traga mais notícias do que está acontecendo com a nossa bicharada...

PEIXE DO RIO

Fui... (Mergulha).

SEREIA IARA

Espere, peixe do Rio... Nem deu adeus...

MINHOCA SALOMÉ

(Entra em cena toda abespinhada e com uma trouxa nas costas presa à uma vara). Linda e bela Sereia Iara... Eu não estou aguentando mais tanta confusão aqui na floresta. Estou me demitindo. A bicharada estão todas malucas... Não aguento mais tá separando uma turma da outra... (A Sereia chora descontroladamente. Transição). Não chore, não chore e não chore. Eu sou uma minhoca e muito Maria Mole. Se não, eu vou acabar chorando também... (Transição). Eu não vou chorar. (Cai em pratos).

SEREIA IARA

Mas por que você está chorando, Minhoca Salomé?

MINHOCA SALOMÉ

Eu não sei. Lhe vi chorando e acabei chorando também...

SEREIA IARA

Então vamos chorar juntinhas... Quem sabe assim essa confusão não pare de ser um tormento nesse lugar. (Se olha no espelho). Olhe só. Borrei minha maquiagem. Até o João conta histórias está triste também com tudo que vem acontecendo por aqui.

MINHOCA SALOMÉ

Deixe eu pegar o pente e pentear o seu cabelo!

SEREIA IARA

Como assim? Meu cabelo está assanhado? Onde? (Se olha no espelho). Veja isso pra mim com muita urgência. Minha maquiagem borrou depois que eu chorei.

MINHOCA SALOMÉ

Só um pouco, um pouquinho... Um pouquinho só... Mas um pouquinho mesmo.

SEREIA IARA

Tá bom... Eu não vou chorar mais... Mas peteie o meu cabelo que eu quero ficar bem bonita. Nem os peixinhos me elogiaram mais. Eles passam por aqui de rio à baixo e nem percebem que eu existo. Isto é o que mais me revolta. Estou muito triste, depois que eu perdi o sino Mágico, sabe? (Faz menção que vai chorar).

MINHOCA SALOMÉ

Pode continuar chorando, Sereia Iara... Eu passei só pra me despedir... Eu vou embora... Não estou aguentando mais tanta confusão aqui nessa floresta... O sino mágico está com Fantasma da Estufa... Ele está ameaçando toda a bicharada de levar pra tumba dele... E eu não quero servir de alimento pra um fantasma malvado como aquele... Tchau... (Faz menção que vai sair e entra em cena a Jujuba folia bem carnavalesca. Jujuba folia grita escandalosamente).

JUJUBA FOLIA

Espere aí, amiga Minhoca Salomé... Pra onde você pensa que vai?

MINHOCA SALOMÉ

Estou indo embora daqui agora... Acho bom você também me acompanhar, viu? Esse Fantasma da Estufa... Já ameaçou todo mundo... E eu não quero que ele transforme as palavras dele numa realidade...

JUJUBA FOLIA

Que maldade, Minhoca Salomé... Não podemos abandonar o barco agora... A nossa amiguinha Sereia Iara está precisando da nossa ajuda... Precisamos fazer uma folia de alegria neste lugar... E falou em folia, pode contar comigo. Adorooo...

MINHOCA SALOMÉ

Pode fazer folia à vontade, Jujuba Folia... Mas aquele fantasma não está nem aí pra sua folia... Ele quer é consumir cada um de nós... Se você quiser ficar, pode ficar, mas eu estou indo embora...

SEREIA IARA

Eu já pedi pra ela não ir, Jujuba Folia... Mas não estou conseguindo convencê-la... Também não posso fazer nada sem o meu sino mágico...

JUJUBA FOLIA

Todos nós precisamos de alguma forma recuperar a paz que este lugar sempre teve... Aliás, aqui é o nosso lar...

SEREIA IARA

Também acho... E só podemos recuperar fazendo com que o meu boneco João conta histórias nasça e comece a contar as histórias pra bicharada ficarem mais calmas... Vamos pelo menos tentar recuperar o sino mágico...

MINHOCA SALOMÉ

É! Você tem toda razão! Mas o que vamos fazer para resolver essa bagunça? No meio do mato tá uma confusão daquelas. As histórias dos bichos se misturaram e está tudo uma loucura. Eles não estão se entendendo.

SEREIA IARA

Só o João conta histórias pode resolver o problema! Confiem. Eu o criei exatamente para esta finalidade... (Transição com a Minhoca Salomé). Se você for embora, Minhoca Salomé... Vai ficar mais difícil ainda de resolvermos esta situação. E o que será do futuro deste lugar tão belo? Os bichinhos da floresta estão com muito ódio no coração. Precisamos trazer paz e amor pra este lugar... E o João é capaz disso.

JUJUBA FOLIA

Como assim? Trazer amor? Um boneco? (Ri descontroladamente). Eu acho melhor você dá um mergulho nas águas claras pra clarear as suas ideias. Você, minha Sereia Iara... Não está bem das suas propriedades mentais...

SEREIA IARA

Estou sim... Eu já pedi ao meu amigo Peixe do Rio pra me ajudar à descobrir o que está acontecendo e tentar ver alguma forma de recuperação do sino mágico. O porquê de tanto desentendimento entre os bichos...

MINHOCA SALOMÉ

(Espantada). O peixe do Rio ver o que está acontecendo? Como assim? Ele é um peixe... Não vai poder sair de dentro da água...

SEREIA IARA

Eu sei... Mas o riacho passa no meio da floresta... Não vai precisar ele está fora do seu habitat para observar o motivo do desentendimento dos nossos amiguinhos... Embora que todo mundo já sabe que o malvado Fantasma da Estufa é o causador de todo o problema... (O peixe do Rio aparece nas águas provocando susto em todos). Que susto, Peixe do rio!

PEIXE DO RIO

Desculpe, amada sereia Iara! A bicharada tão ficando maluca... E o pior... Eles estão fazendo confusão pisoteando o riacho... Estou aqui quase morto de cansado... Tive que sair de lá, corri pra um lado... Depois corri pro outro... Às pressas... Se não ia acabar mortinho pelos pés daqueles mal-educados... Agora eu estou todo arrepiado... A bicharada estão falando que o fantasma da estufa é o responsável que está atormentando à todos na floresta...

SEREIA IARA

Perfeitamente... Eu já tinha desconfiado que ele é o responsável por toda esta confusão...

JUJUBA FOLIA

Já não se fazem mais peixes como antigamente, Minhoca Salomé...

MINHOCA SALOMÉ

Eu também acho, Jujuba Folia...

PEIXE DO RIO

Vocês não têm noção do estrago que esse fantasma vem fazendo na vida da bicharada... Já dei férias pra todo meu cardume até passar toda essa confusão. Inclusive pra mim... Olhem se protejam que ele está chegando por aqui também... Fui. (Sai de cena).

MINHOCA SALOMÉ

Espere! Não fuja, seu peixe do rio medroso e sem graça...

JUJUBA FOLIA

Sem graça mesmo... Esse peixe sempre foge nas horas que a gente mais precisa dele...

SEREIA IARA

Deixa ele pra lá... É um bom profissional aqui do rio.

MINHOCA SALOMÉ

(Decepcionada). Bom profissional, minha sereia Iara? Preguiçoso do jeito que ele é? Duvido que ele não esteja contando uma mentiras daquela pra ser o protagonista de alguma história que vai contar pra todos da floresta...

SEREIA IARA

Minha querida minhoca Salomé... O Peixe do rio pode ter todo defeito escondido em suas barbatanas, mas mentiroso, isso eu não acredito que ele seja...

JUJUBA FOLIA

Eu estou com a minhoca Salomé... Tá certo que a bicharada andam maluca nessa floresta, mas por causa do fantasma... Ele esquece que o fantasma da estufa... É uma lenda... Além do mais é um fantasma e fantasma não vai ficar aparecendo por aí, causando confusão... (O peixe do Rio reaparece novamente causando susto).

PEIXE DO RIO

(De supetão). Cheguei...

TODOS

(Gritam assustados). Uiiiii...

JUJUBA FOLIA

Olhem o fantasma da estufa...

MINHOCA SALOMÉ

Onde? Onde? Pelo amor das borboletas da floresta... Onde?

SEREIA IARA

Não precisam ficar assustadas... É apenas o peixe do Rio fazendo uma das suas travessuras...

TODAS

(Aliviadas). Ufa!!!

MINHOCA SALOMÉ

Assim eu fico mais tranquila...

JUJUBA FOLIA

Todas nós ficamos mais tranquilas... Tomara que o fantasma da estufa seque este rio e acabe de uma vez por todas com esse peixe sem noção... Quase tive um ataque aqui de susto... Quase caí mortinha...

SEREIA IARA

Jujuba Folia... Não brinque com coisa séria... Para o peixe do rio falar com tanta convicção que o fantasma da estufa é o responsável por toda esta confusão na floresta, porque ele sabe do que está falando...

JUJUBA FOLIA

Pois eu digo e repito, minha Sereia Iara... Que este peixe do rio está ficando desmiolado... Não existe esse tal fantasma... Lembro perfeitamente que foi o porco Pepo que disse que viu o tal fantasma...

SEREIA IARA

Mas ele existe sim... Até o sino mágico ele tirou de mim... Agora não tenho mais o que fazer...

MINHOCA SALOMÉ

E quem foi que disse que o fantasma roubou o sino mágico?

SEREIA IARA

Ora, ora... Foi o porco Pepo...

JUJUBA FOLIA

(Imitando a sereia). Ora, ora... Só podia ser... E você viu o fantasma se apossando do sino mágico?

SEREIA IARA

Não... Eu estava mergulhando nas águas claras do Riacho...

JUJUBA FOLIA

Então está explicado que o porco Pepo está mentindo mais uma vez... É mais fácil acreditar que aquele rolha de poço...

SEREIA IARA

(Sem entender). Quem?

MINHOCA SALOMÉ

(Rindo). É o apelido do porco Pepo...

SEREIA IARA

(Repreendendo). Que maldade você estão fazendo com o coitadinho do porco Pepo...

MINHOCA SALOMÉ

Maldade, nada... Eu me divirto com a agitação... Ele é a nossa diversão, Sereia Iara... É o bobo da corte aqui da floresta... Toda bicharada tiram um sarro da cara dele...

JUJUBA FOLIA

E ele chorando!? (Cai em gargalhadas).

MINHOCA SALOMÉ

É horrível... Parece um porco roncando... (As duas caem nas gargalhas).

SEREIA IARA

Mas o Pepo é um porco...

JUJUBA FOLIA

(Deboche). Nojento...

MINHOCA SALOMÉ

(Deboche). Fedorento...

AMBAS

Sigismundo... (Gargalhadas. Entra o Porco Pepo).

MINHOCA SALOMÉ

Só foi falar no dito cujo, que ele apareceu igual ao fantasma da estufa...

SEREIA IARA

(Repreendendo). Vamos parar com essa agitação? Parou...

PORCO PEPO

(Amável). A floresta toda tira sarro da minha cara, Sereia Iara... Eu sei que eu sou diferente de todo mundo... Eu só queria ter amiguinhos e brincar... Me divertir como todo mundo se diverte... Mas ninguém quer brincar comigo... Eu estou muito triste... Mas eu gosto de ver eles felizes brincando...

JUJUBA FOLIA

(Deboche). Olha só o gorducho... Que arrumar amiguinhos... (Gargalhas). Vê se te manca, Porco Pepo... Você come demais...

MINHOCA SALOMÉ

Se lhe empurrar de uma ladeira... Você sai embolando igual à uma bola... (Outras gargalhadas).

PORCO PEPO

Eu sei... É que eu fico triste isolado... Eu só quero ficar de longe olhando vocês brincarem...

SEREIA IARA

Eu só quero entender o porquê vocês estão excluindo o porco Pepo das brincadeiras... Ele também faz parte da bicharada... Ele é um amiguinho também...

JUJUBA FOLIA

Não, Sereia Iara... Parte ele não faz não... Ele é muito desengonçado... Fuça tudo que encontra pela frente... Embola na lama, se suja todo...

SEREIA IARA

E qual o problema nisso? Faz parte da natureza dele... Cada um tem o seu jeito de ser... Até as crianças adoram se sujar pra brincadeira ficar mais gostosa...

JUJUBA

É verdade... Mas com esse porco sujo eu não brinco... E também, se ele fizer parte do nosso grupo, quem vai ser o bobo da corte? As nossas brincadeiras vão ficar sem graça...

MINHOCA SALOMÉ

Jujuba Folia tem toda razão... Não dá pra conviver com um bicho tão diferente assim... Nenhum dos grupos quer ele na equipe...

SEREIA IARA

Mas por que isso? Quer dizer então que vocês se divertem, desprezando o amiguinho? Isto não está certo! Vocês não tem o direito de menosprezar ninguém... Somos todos semelhantes...

JUJUBA FOLIA

Não concordo, Sereia Iara...

MINHOCA SALOMÉ

Eu também não... Eu não tenho nenhuma semelhança com esse bicho cheio de banha e fedorento...

JUJUBA FOLIA

(Debochada). Cheio de banha, Minhoca Salomé?

MINHOCA SALOMÉ

Isso mesmo... (Se aproxima do porco Pepo). Venha até aqui, Porco Pepo... Olhe bem pra Jujuba folia... (O porco olha para a Jujuba Folia). É uma brincadeira?

JUJUBA FOLIA

Estou preparada! (Jujuba folia faz macaquices, e o Porco ri, achando que está participando de uma brincadeira, enquanto a Minhoca Salomé Empurra o porco Pepo).

PORCO PEPO

(Sério). Por que você me empurrou?

MINHOCA SALOMÉ

Eu lhe empurrei? Quem lhe empurrou foi a Jujuba folia...

PORCO PEPO

Não foi não... Foi você, minhoca Salomé... (Jujuba folia empurra o Porco Pepo. Transição). Agora foi você, Jujuba Folia... Eu não quero mais brincar, não.

SEREIA IARA

(Dando um basta). Parou... Vocês parem com isso de tá humilhando o coitado do Porco Pepo... Vocês precisam aprender à ser amiguinhos... Menosprezar os coleguinhas não é legal...

MINHOCA SALOMÉ

Eu não quero ser amiga desse Porco Fedorento... (O Porco Pepo faz expressão de tristeza).

JUJUBA FOLIA

E nem eu...

SEREIA

Jujuba Folia... Minhoca Salomé... Agora eu vou falar muito sério com vocês. Você precisam dar oportunidade ao Porco Pepo de poder brincar com todos, sem ser motivo de chacotas... Ele precisa de um amigo.

PORCO PEPO

Mas eu tenho um amigo...

MINHOCA SALOMÉ E JUJUBA FOLIA

(Espantadas).Tem?

MINHOCA SALOMÉ

Ele disse que tem amigo, Jujuba Folia...

JUJUBA FOLIA

Eu ouvi... Só não é do nosso grupo... Ele é diferente... Nunca vai conseguir arrumar amigos...

PORCO PEPO

Mas eu tenho um amigo, sim... E contei tudo pra ele que vocês não querem ser meus amigos...

SEREIA IARA

Já começou bem, amiguinho Porco Pepo... Fico muito feliz que você tenha conseguido arrumar um amiguinho de verdade... Este sim, é o verdadeiro amigo...

PORCO PEPO

Um amiguinho, não... Um amigão. E ele disse... Deixa pra lá, Porco Pepo. Mas disse com a cara bem fechada... Olhe, ele não gostou não, viu?

SEREIA IARA

E que amigo é esse de tão especial? (Porco Pepo cochicha no ouvido da Sereia Iara, que tem uma reação de pavor). Não pode ser.

JUJUBA FOLIA

(Curiosa). Quem esse porco Pepo tá com tanta amizade...

SEREIA IARA

(Com expressão de pavor). Eu estou apavorada... Agora eu fiquei preocupada... O amigo do Porco Pepo é... O Fantasma da estufa...

MINHOCA SALOMÉ

(Apavorada). O Fantasma da estufa?

JUJUBA FOLIA

Esse fantasma tá causando um pandemônio na floresta...

PORCO PEPO

Pra se vingar...

TODOS

Se vingar?

SEREIA IARA

Se vingar de que?

PORCO PEPO

De toda a bicharada que ficam me maltratando... Eu sou gordo, sou sujo, mas o fantasma da estufa é o meu melhor amigo e disse com muita raiva que ia se vingar de cada um bicho que me maltratou... Deixa pra lá, deixa o resto comigo, disse ele...

SEREIA IARA

Agora mais do que nunca temos que chamar o João conta histórias...

MINHOCA SALOMÉ

(Tremendo de medo). Como assim, deixa pra lá...

PORCO PEPO

Foi o que ele falou... E vocês já estão vendo a fúria dele aqui na floresta...

JUJUBA FOLIA

(Com expressão de pavor). O que você está fazendo conosco é pura covardia, Porco Pepo...

SEREIA IARA

(Amável). Porquinho Pepo, você precisa nos informar o que está acontecendo... Já que esse terrível fantasma da estufa está aprontando mais uma das suas travessuras e você é amigo do temeroso...

PORCO PEPO

Não se preocupe, Sereia Iara... O Fantasma da Estufa me deve favor e depois que eu contei tudo pra ele, o que a bichada vêm fazendo comigo, ele só quer acertar umas contas com cada um que me humilhou... Você pelo contrário sempre me apoiou... Ele disse que ia me devolver o sino mágico...

SEREIA IARA

Isso é maravilhoso, Porco Pepo... Sem o sino mágico eu fico completamente desprotegida. Todos nós sabemos o que esse terrível fantasma é capaz de fazer... Desde o dia que ele apareceu aqui na floresta, a bicharada não tiveram paz...

PORCO PEPO

Pois é! Ele não vai descansar enquanto não se vingar de todos aqueles que me maltrataram...

MINHOCA SALOMÉ

(Com a Sereia Iara). Minha Sereia Iara! Só o João conta histórias pra acabar com as travessuras desse fantasma brincalhão.

PORCO PEPO

Ele pode...

TODOS

Pode?

MINHOCA SALOMÉ

Como assim? Eu não entendi... Você entendeu, Jujuba Folia?

JUJUBA FOLIA

Eu também não...

SEREIA IARA

Então comece à contar pelo começo, Porco Pepo, que pelo visto, ninguém entendeu foi nada, inclusive eu.

PORCO PEPO

O fantasma da Estufa quer ter a sua história contada para toda a bicharada da floresta...

SEREIA IARA

Se todo problema da floresta for por causa disto, a gente resolve num passe de mágica... João Conta histórias pode contar tim tim por tim tim, detalhadamente toda história do fantasma da estufa e de cada bicho dessa floresta... E para isto basta ele devolver o sino mágico...

JUJUBA FOLIA

Sereia Iara... Você fala assim como se um boneco falasse e contasse histórias...

SEREIA IARA

Jujuba Folia, se eu estou dizendo que o João, meu boneco pode contar a histórias porque ele pode e vai contar...

MINHOCA SALOMÉ

(Dá uma risada). Eu só acredito vendo...

SEREIA IARA

Pois vais ver, minhoca Salomé... Que pra você pode ser impossível, mas a magia do sino com varinha mágica, nada é impossível... Até os sonhos viram realidade...

PORCO PEPO

Acredito nisso... Já tá me dando até fome... O sino mágico consegue fazer uma mesa repleta de doces, guloseimas e quitutes deliciosos? Diz que pode...

MINHOCA SALOMÉ

Esse porco Pepo só pensa em comer... Mesmo assim eu não acredito! (Transição). Minha linda Sereia Iara, eu acho melhor você pensar noutra situação que essa conversa do boneco virar gente, está sendo difícil de acontecer.

SEREIA IARA

E se eu conseguir?

JUJUBA FOLIA

Eu vou fazer cocô de tanto medo... Vou fazer folia em outra floresta... Vou correr igual a uma louca desvairada... É como se eu chegasse pra uma árvore aqui da floresta e desse bom dia pra ela... E ela de repente dissesse “Bom dia, Jujuba Folia... Imagine o carreirão...

PORCO PEPO

(Com medo). Aí, que medo...

MINHOCA SALOMÉ

Eu também ia correr muito, viu?

SEREIA IARA

Então todas vocês se preparem que eu vou ativar o sino e dar uma boa carga na minha varinha mágica, com a força das minhas barbatanas e com a energia de todos os peixes do rio... (A iluminação faz um efeito de luz, dando ideia que a magia vai começar).

PORCO PEPO

Uiiiiiii... Vou fuçar até mergulhar na lama... Eu não quero nem ver...

MINHOCA SALOMÉ

(Com medo). Para com isso, Sereia Iara... Eu só passei aqui pra me despedir mesmo... E agora eu vou correr muito... Mas antes eu vou dizer pra bicharada da floresta que o boneco tá possuído pelo fantasma da estufa...

PORCO PEPO

(Com expressão de quem teve uma idéia, acompanhado de sonoplastia). Pois o fantasma da estufa já prometeu que vai passar por aqui, exatamente pra pegar esse boneco que a Sereia Iara chama de João conta histórias...

SEREIA IARA

O João conta histórias é o meu boneco que eu criei com muito amor e carinho... Faz muito tempo que essa floresta vive em pé de guerra. A bicharada não estão se entendendo... Ninguém consegue viver no mundo sem ter paz, Porco Pepo...

PORCO PEPO

E nem vai se entender! O Fantasma da estufa tá vindo aí e eu vou me mandar pra me proteger...

JUJUBA FOLIA

(Admirada). Como assim, porco Pepo? Ele não é o seu melhor amigo?

PORCO PEPO

É sim... Eu não falei que é?

MINHOCA SALOMÉ

Falou sim... E se você é amigo íntimo dele, não há motivos de você se esconder e fazer tanto alarde como se não o conhecesse...

SEREIA IARA

Também acho! Além do mais é bom que você fique por aqui pra proteger a gente desse temeroso fantasma...

PORCO PEPO

Agora não vou ganhar nada com isso... Já não tenho nem amigos mesmo... E não vai adiantar fazer mais nada. Agora ninguém pode mais proteger ninguém. Quando o fantasma da estufa toma uma decisão é como uma lei... Ele vem pra executar o que prometeu e antes que ele venha com a foice da morte pra cortar a cabeça de vocês que me maltrataram, eu vou na frente tentar convencê-lo à mudar de ideia... Vai ser difícil, mas eu vou tentar...

SEREIA IARA

(Aliviada). Faça isso pelo bem de todos... (A Minhoca Salomé e a Jujuba Folia ficam tremendo de medo). Olhe só o estado da Minhoca Salomé e da Jujuba Folia...

PORCO PEPO

E você também não está tensa com a presença do fantasma da estufa?

SEREIA IARA

Pra dizer a verdade, não...

TODAS

Hein?

JUJUBA FOLIA

(Apavorada). Como assim você não tem medo?

MINHOCA SALOMÉ

Só pode ser maluca mesmo...

SEREIA IARA

Eu não tenho medo de fantasmas... Na hora que ele aparecer aqui, eu abano as minhas barbatanas, mergulho no rio e sumo do mapa... Ah, e vou levar comigo o meu boneco João conta histórias...

JUJUBA FOLIA

(Amável). Por favor, Porquinho Pepo... Peça a este fantasma da estufa pra poupar as nossas vidas...

PORCO PEPO

Vou pensar na possibilidade... O fantasma da estufa já tem o nome de todos os bichos que me fizeram de pateta...

JUJUBA FOLIA

(Apavorada). Ai, meu Deus! Meu nome está na lista dele?

PORCO PEPO

É o primeiro da lista...

JUJUBA FOLIA

Isso é covardia, Porquinho Pepo... (Chora desconsoladamente). Eu já estou vendo aquele fantasma me levando pra dentro da tumba que ele foi enterrado...

MINHOCA SALOMÉ

Bem feito pra você! Quem mandou você excluir o porquinho Pepo das brincadeiras? (Transição). Olhe, porquinho Pepo... Eu estou lhe defendendo, hein? Vê se lembra de mim, quando estiver com o fantasma da estufa

JUJUBA FOLIA

Mentira dela... Ela sempre fez anarquia em cima de você! Agora quer dar uma santinha... Eu sei que eu errei... Aliás, todos nós erramos feio com o nosso coleguinha... Mas podemos rever esses conceitos... (As luzes começam à piscar).

PORCO PEPO

(Provocando medo). Acho que agora é tarde demais... O fantasma da estufa não vai querer saber de rever conceitos... Ele está muito bravo... Pode crer, pode crer, pode crer... (A sonoplastia libera sons de trovões e relâmpagos).

SEREIA IARA

Parece que vai cair um temporal daqueles... (A sonoplastia libera sons de trovões com mais intensidade e gargalhadas de fantasma, com barulho de corujas. Blackout acompanhado de um forte trovão. Todos ficam agitados, gritando com medo. Em cena reaparece o Porco Pepo coberto com um lençol transparente, dando ideia de fantasma).

PORCO PEPO

(Voz de fantasma). Eu sou o fantasma da estufa... Podem morrer de medo, que eu vim buscar as almas daqueles que maltrataram o meu amiguinho, o porco Pepo. (Dá uma risada sinistra).

JUJUBA FOLIA

(Tremendo de medo). Aiiii... Eu estou tremendo e morrendo de medo... Não me leve não, seu fantasma... Eu estou muito, mas muito arrependida mesmo... Me dê uma chance pra reparar o meu erro, por favor...

MINHOCA SALOMÉ

(Querendo chorar). Eu também estou arrependida, seu fantasma! Poupe a vida da gente... Por favor, seu fantasma, lindo da mamãe...

PORCO PEPO

(Debochando). Poupar a vida de você? (Dá uma risada como se tivesse se divertindo). Eu não vou poupar a vida de ninguém... Aliás, vou sim...

JUJUBA FOLIA

(Aliviada). A nossa?

MINHOCA SALOMÉ

Muito obrigada, senhor fantasma da estufa... Quaremos ser sua serva...

PORCO PEPO

A vida de vocês, não... A da Sereia Iara... Essa sim tem o coração bondoso... (A Minhoca Salomé e a Jujuba folia, se abraçam em prantos).

JUJUBA FOLIA

Adeus mundo bom... Nunca mais vou fazer folia aqui na floresta...

MINHOCA SALOMÉ

Adeus mundo bom cruel...

PORCO PEPO

Está aqui o seu sino mágico, pequena e boa Sereia Iara... (Entrega o Sino mágico com a varinha. O Porco Pepo levanta o pano pra Sereia saber que se trata de uma brincadeira. Pisca o olho para ela e a Sereia respira aliviada. Transição). Agora eu vou levar essas duas, que estão não minha lista, que o Porco Pepo me deu... A primeira da lista é... Jujuba Folia... (Faz menção que vai pegar a Jujuba Folia).

JUJUBA FOLIA

(Com medo). Mas eu não sou a Jujuba Folia... Não, não sou ela não... (Transição). É ela... (Com a Minhoca Salomé).

MINHOCA SALOMÉ

(De salto). Mentirosa... Ela está mentindo... Ela é a Jujuba Folia... Eu sou a Minhoca Salomé...

PORCO PEPO

Mas você também está na minha lista...Então, por via das dúvidas, vou levar pra minha tumba as duas de uma vez só... (As duas choram descontroladamente).

SEREIA IARA

Chegou a hora então... (A Sereia Iara abre o baú, beija o boneco). Vem história... Vem história... Vem história... (Joga o boneco dentro do baú e o fecha). Vamos chamar a história. (E todos chamam a história, menos o Porco Pepo). Vem história... Vem história... Vem história... (Todos correm de um lado para o outro, acompanhados de efeitos luminosos em luz. A luz 70% em penumbra. O Porco Pepo se esconde atrás da pedra).

TODOS

Vem, história, vem história, vem história, vem história... (A Sereia Iara bate com a varinha mágica no sino mágico. A sonoplastia libera um acorde de magia. Todos ficam na expectativa da mágica funcionar).

JUJUBA FOLIA

(Apavorada). Qualquer pessoa de sã consciência sabe muito bem que essa magia não funciona.

MINHOCA SALOMÉ

Funciona sim. O único jeito de parar com essa maldição do fantasma da estufa é dando vida ao João conta história...

JUJUBA FOLIA

Endoidou de vez, minhoca Salomé? João conta histórias não passa de um boneco sem vida nenhuma. (A Sereia Iara bate mais um vez no Sininho com a varinha e a sonoplastia entra com um som estridente de trovão sincronizado com um black-out. Uma gargalhada surge de dentro do baú. A luz vai clareando em resistência e a iluminação fica em penumbra).

MINHOCA SALOMÉ

Vem história, vem história, vem história, vem história...

JUJUBA FOLIA

Vem história...

MINHOCA SALOMÉ

Vem história...

JUJUBA FOLIA

(Com mais intensidade). Vem história...

TODOS

(Aos berros). Vem história... (A sonoplastia libera uma música de magia e a uma luz recai sobre o baú, que começa a trepidar e vai abrindo lentamente, deixando todos boquiabertos. João Conta histórias vai surgindo de dentro do baú, se espreguiçando).

TODOS

João conta histórias?

JUJUBA FOLIA

(Escandalizada). Impossível...

MINHOCA SALOMÉ

Impossível não... É ele sim... A magia deu certo...

JOÃO CONTA HISTÓRIAS

(Empolgado). Oiê... Eu sou João contador de histórias... E uma história eu vim contar... E para a história chegar e com as mãos, de palmas para cima, vamos chamar a nossa história? Vem história, vem, história, vem história... Só vocês... (Instiga as crianças a chamar a história). E com apenas um toque no meu sino mágico, juntamente com a minha varinha mágica... Para tudo nessa floresta melhorar, uma história eu vou contar... (Toca o sino e nada acontece). Bom... Vamos novamente... Chamando... Vem história, Vem história... Vem história... (Toca novamente no sino e nada acontece). Bom... Quer dizer... Eu não sei o que está acontecendo por aqui... A mágica do sino com a varinha, não era pra dar errado. Acho que falta mais concentração da bicharada... (Toca o sino e nada acontece. Transição pede ajuda às crianças da plateia). Ah, já sei... Falta a força da criançada... Vocês me ajudam à chamar a história? Então vamos... Vamos criançada! Vem história... Vem história... Vem história... (Toca o sino e vem o efeito que a magia deu certo). O sino revelou que a magia deu certo. A história de hoje é... João conta histórias e o fantasma da estufa” Mas a história não chegou para mim... (Transição). Ah! Então foi isso... O sino mágico acabou de me revelar... A essa história já foi contada...

SEREIA IARA

E já foi contada mesmo?

JUJUBA FOLIA

Mas onde está o fantasma da estufa?

JOÃO CONTA HISTÓRIAS

Está bem ali, atrás da pedra... Pode sair daí, seu fantasma da estufa... (O Porco Pepo vai se levantando, tirando o lençol).

TODOS

(Admirados). Porco Pepo...

MINHOCA SALOMÉ

Por que você fez isso? Muito sem graça...

JUJUBA FOLIA

Muito sem graça mesmo... (Transição). Quer dizer então que toda confusão da bicharada era causada por você o tempo todo?

PORCO PEPO

Foi a forma que eu arrumei de vocês brincarem comigo...

JOÃO CONTA HISTÓRIAS

E conseguiu... Você brincou e contou a história que eu vinha contar... E fez isso com muita maestria... A bicharada estão todos felizes novamente e adoraram a sua história, porco Pepo... Agora, cada grupo da floresta quer você na equipe... (Transição com a Minhoca Salomé e a Jujuba Folia). E que coisa feia vocês fizeram com o coleguinha...

SEREIA IARA

(Decepcionada). Coisa feia mesmo!

MINHOCA SALOMÉ

(Com raiva). Coisa feia foi o que o porco Pepo fez com a nossa floresta.

JUJUBA FOLIA

Pois é! Foi muito grave e muito feio também. Ele fez todo mundo acreditar na maldição do fantasma da estufa. Esse porco Pepo não presta...

MINHOCA SALOMÉ

Ele não presta mesmo...

JOÃO CONTA HISTÓRIAS

(Dando um basta). Parou... Ele foi muito importante para vocês aprenderem... A história do fantasma da estufa, foi uma lição pra vida toda. Não devemos menosprezar ninguém. Todos nós somos semelhantes e importantes nesse mundo. Agora peçam desculpa ao coleguinha Porco Pepo...

TODAS

Desculpa, amiguinho Porco Pepo... (Todos se abraçam felizes).

JOÃO CONTAS HISTÓRIAS

E esta história entrou por uma porta e saiu pela outra...

TODOS

E quem quiser que conte outra... (A sonoplastia libera uma música bem animada e todos brincam felizes, chamando a criançada para participar da festa, chegando assim o final do espetáculo).

FIM

Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 20/12/2021
Código do texto: T7411597
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.