CABRA DE PEIA

Cabrinha (10 anos) vive em uma Casa Grande, acorrentado pelo tornozelo, "cria" de uma família no sertão de Caicó (RN).Uma manhã, coronel ausente, a família recebe a indesejada visita de Zé de Bia, o cangaceiro. Ele tranca a todos numa camarinha, postando-se à mesa com Cabrinha, refém. A tagarelice de Zé de Bia antagoniza com a mudez de Cabrinha, que, cúmplice, cuida-lhe do ferimento à bala; revela-lhe os bens em dinheiro e ouro da casa; prepara-lhe um prato de arroz de leite e cabidela, regados ao molho de malagueta. O bem e o mal chacoalhando no mesmo embornal, faiscando em evasivas e bravatas, interagindo em manobras, contrariando a regra, onde- viver - nem sempre é o reduto derradeiro do mais brabo. Pelos trejeitos, Cabrinha revela-se já um “hôme”, num posicionamento desconcertante para o cangaceiro, num arremate surpreendente para todos, na matreira cartada de um “Cabra de Peia”.