Soneto à Nêga do carnaval fora de época

Ouvi o samba que vinha de fora

Corri e me debrucei na soleira da janela

Pra ver se no bloco vinha minha donzela

Que por razões do amor, no meu peito ela mora

Junto à bateria sambava a nêga rua afora

E eu na alegoria do encantamento por ela

Peguei meu cavaquinho e toquei junto dela

Nem Mangueira ou Portela, só eu, ela e as horas

E pararam todas as escolas:

Beija-flor adoçava-se com o sambado da minha flor

Caprichosos nunca tinham visto tanto capricho e torpor

E vibravam todas as escolas:

Toda a Vila Isabel parou só pra ver o meu amor

E no final, com um beijo seu, minha donzela me abençoou

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 10/12/2008
Reeditado em 12/12/2008
Código do texto: T1328707