Não-Soneto

nas longas águas que enloucaram um vale

perdi estas cruzes todas elas vivas

me viram corvos perpassar nas línguas

eu tudo aquilo que não fui me lembro

caía um mundo sobre meus crepúsculos

ouvi de um selo que beijou-me em fronte

só eu sozinho sim vi de em fim a arte

mas um martelo mais letal me acerta

perdi perdões que não te arrependi-me

eu sou aquilo que não tive e mato

e os teus desejos que pedi sonhei-me

um cristo leu-me pra acenar caveira

e fui beijar-te em alto horror sublime:

te sinto em versos sem nenhum sentido...

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Alessandro Reiffer
Enviado por Alessandro Reiffer em 15/12/2008
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