SONETO DA MERETRIZ

Um corpo exposto em plena rua,

Como carne num açougue fedorento,

Cabelos perfumados voejam ao vento,

Com trejeitos opulentos se insinua.

Musa da indecência, deusa nua,

A sorrir, mas não esconde o sofrimento,

Falso júbilo a disfarçar o seu lamento,

A cada dia sua alma se extenua.

Sua carne apodrece pouco a pouco,

Perde um dia de vida em cada esquina,

Vende o corpo sagrado por um troco,

Se destrói, se corrói, se contamina,

E muito embora seu mundo seja louco,

No fundo é apenas uma menina.

Luiz Gonzaga Leite Fonseca
Enviado por Luiz Gonzaga Leite Fonseca em 01/05/2006
Reeditado em 18/10/2012
Código do texto: T148753
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