SONETO DA MERETRIZ
Um corpo exposto em plena rua,
Como carne num açougue fedorento,
Cabelos perfumados voejam ao vento,
Com trejeitos opulentos se insinua.
Musa da indecência, deusa nua,
A sorrir, mas não esconde o sofrimento,
Falso júbilo a disfarçar o seu lamento,
A cada dia sua alma se extenua.
Sua carne apodrece pouco a pouco,
Perde um dia de vida em cada esquina,
Vende o corpo sagrado por um troco,
Se destrói, se corrói, se contamina,
E muito embora seu mundo seja louco,
No fundo é apenas uma menina.