Sertão

Trabalhando sem ter a liberdade,

Plantando o que se come na cidade,

Vivendo o que se vive com saudade,

Morrendo de velhice sem idade.

Calejadas são mãos que sem carinho,

Manejam a enxada com jeitinho,

Abrindo entre as matas o caminho,

Sentindo-se tão só sem ser sozinho.

Seu tempo nesta vida vai morrendo,

Sol-a-sol só família lhe interessa,

Que de fome ao menos não mais morre.

Este homem que parte não sabendo,

Que é tão pouca a vil terra que lhe resta,

Pouca terra honrados ossos cobre.

Lupo
Enviado por Lupo em 10/05/2006
Reeditado em 10/05/2006
Código do texto: T153466