TRISTESSE
Rouba-me o riso o fato consumado,
poupa-me a voz a lágrima sentida,
deita-me a dor por mais uma ferida,
cala-me o canto rico, destronado.
Falta-me a lua pura e dançadeira,
foge-me o sonho velho e desbotado,
cobre-me o pó neste emaranhado,
segue-me a mágoa vil e feiticeira.
Tolhe-me o peso gasto na labuta,
vinga-se o algoz firme na disputa,
fere-me o frio rude e passageiro.
Vale-me o sol que doura minha fronte,
salva-me a luz, novo é o horizonte,
beija-me o amor puro e verdadeiro.