TRISTESSE

Rouba-me o riso o fato consumado,

poupa-me a voz a lágrima sentida,

deita-me a dor por mais uma ferida,

cala-me o canto rico, destronado.

Falta-me a lua pura e dançadeira,

foge-me o sonho velho e desbotado,

cobre-me o pó neste emaranhado,

segue-me a mágoa vil e feiticeira.

Tolhe-me o peso gasto na labuta,

vinga-se o algoz firme na disputa,

fere-me o frio rude e passageiro.

Vale-me o sol que doura minha fronte,

salva-me a luz, novo é o horizonte,

beija-me o amor puro e verdadeiro.

Cleide Canton
Enviado por Cleide Canton em 30/07/2009
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