Soneto do ... amor que não ousa dizer seu nome...

SONETO XXXII

“... o amor que não ousa dizer seu nome...”

(Oscar Wilde)

“O Amor que não ousa dizer seu nome”

Bateu-lhe à porta ao acaso, um dia.

E ele, inebriado pela cotovia

(que paira à janela, mas depois some...),

sentiu crescer, súbito, na alma, uma fome

de algo que, até então, desconhecia.

Desejo... estranheza... culpa... agonia...!

Desce aos umbrais, na angústia que o consome.

...porém, depois das lágrimas enxutas,

chamou a cotovia, deu-lhe frutas,

e sorveram, um no outro, a própria essência.

E ambos, nessa atração de semelhantes,

Num cingir de músculos, os amantes

Ergueram-se aos portais da transcendência.

Rio, 28 de Dezembro de 2001

Antonio Sciamarelli
Enviado por Antonio Sciamarelli em 10/06/2006
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