Confesso!

Custa-me confessar o corpo em desalinho

esparramado sobre o leito quente,

o ventre abrasado e sem carinho

sabendo-lhe insone e a carne dormente.

Sussurrar seu nome não me atrevo

ainda que o tenha apertado entre os dentes;

é loucura eu sei, e não posso, não devo,

padeço então como fazem os dementes.

Posso ouvir a chamar-me seus gemidos

convidando-me o corpo ensandecido

à revirar-me no leito aos gritos

numa noite inteira de amor pervertido.

Confesso sem pudor: o desejo me queima

o corpo pede e insiste; a cabeça diz não e teima.

Angélica Teresa Faiz Almstadter
Enviado por Angélica Teresa Faiz Almstadter em 01/10/2009
Código do texto: T1842627
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