poesia bruta
esse oco que me apavora
retém os olhos nas oscilações
me procuro e só encontro indagações
que aos poucos me devora
engasgo com a rima mal feita
perdi as palavras no vão da porta
e suspiro por uma ou outra morta
nenhuma me é hoje a eleita
ainda no espelho me procuro
do estanho só vejo a transparência
que acusa de mim, eterna ausência
poesia latente em estado bruto
sufocada em revelações marginais
morro nos meus verbos mais abissais