Escravo de orelhas furadas

Sibilar suave, sopro sutil e manso,

Espírito que a nós todos nos sustém,

sentinela ardorosa que no remanso

nos mostra o Soberano, o mais perene.

Quando a tarde desnuda becos e ruas

regalando-me aquele silêncio santo

que sana os doloridos terríveis males,

levito eu pelas bátegas do alvo encanto.

Oh solidão, que sempre me ergue em teus braços,

embaralha-te ao sopro do mel divino

enquanto escrava meto-me nos seus laços,

de orelhas já furadas em sublime hino.

Se livre do pecado e serva de Deus,

como assídua estudante da caridade,

será meu verbo bálsamo azul sem adeus,

elixir que restaura a felicidade.

Assim me assumo e me reconheço como esravo de Deus...

o escravo das duas orelhas furadas.

(Dt 15:12-17)

Inês Marucci
Enviado por Inês Marucci em 02/02/2010
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