Soneto do Vinho

SONETO XLI

Este vinho, contido em vossos lábios,

Senhora minha, é a divina ambrosia

Que os deuses nutre, os homens inebria,

E faz ver estrelas sem astrolábios.

Consultásseis antigos alfarrábios,

Veríeis que, de muito, já ardia

Vossa graça sobre a sabedoria

Que se revela da boca dos sábios.

E estas róseas carnes imantadas,

Nas quais, em meu ardor, procuro enlevo,

Meu peito ferem mais que mil espadas.

Mas, um segredo confessar-vos devo:

Diante deste encanto em que me quedo,

Quisera sugar todo este vinhedo.

Rio, Outubro de 2002

Antonio Sciamarelli
Enviado por Antonio Sciamarelli em 06/08/2006
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