Soneto ao soneto
Na tua imortal forma, exata e nobre,
onde a musa imprevista se aventura
fino peplo de címbalos te encobre,
desafiando o estro e a razão mais pura.
Afirmam os incautos que és de cobre,
arcaico para quem a tessitura
de cantar o atual jamais se dobre
ao rigor triunfal que em ti perdura.
Varinha de condão da antiguidade
soneto, tua síntese inquieta
contém sonho, esperanças e saudade...
Para sempre será o teu reinado,
enquanto houver no mundo algum poeta
ou o pulsar de um peito enamorado!