Delator
Delator
Na noite escura, passos apressados na rua
mal iluminada, vulto ansioso, ágil, olhar
resoluto continua caminhar. No céu, lua
escondida, temerosa, não quer testemunhar.
De repente, abre um portão, rápido passa
por ele encontrando porta aberta, penetra
dirigindo-se a um aposento. Ainda da praça
alguém lê o bilhete modificando a letra.
O delator sai em sentido contrário, claro
como o dia o adultério consumava-se, asas
nos pés vai deixar notícia debaixo da porta.
Espreita até aparecer alguém, não raro
é ser bisbilhoteiro, ver ódio nas casas,
sorri assistindo a cena, com a cara torta.
Marta Peres