Soneto ao tempo

Na borda diametral do relógio de pulso

Grito ao tempo que passa e ele nada diz.

Arrisco alguns passos pra trás e num impulso

Pulo sobre o ponteiro que do tempo é aprendiz.

Procuro saber o melhor momento de partir,

Mas o tempo ao mesmo tempo fica mudo.

Olho para porta que o vento sopra pra abrir...

Questiono, mas tempo é silencioso e carrancudo.

Lá fora, onde ainda não sei,

O tempo brinca com o imprevisível,

Justamente no caminho que ainda não passei.

Lá seria eu ainda invencível,

Em meio às tantas batalhas que já neguei?

Com o tempo saberei o que o tempo fez indizível.

Vavá Borges
Enviado por Vavá Borges em 22/09/2010
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