Trem de Passageiros

Trem de Passageiros

03/1984

O pseudo luxo da primeira classe

Não competia com a algazarra

E o burburinho da segunda classe

Além do preço baixo e da farra.

Nem era preciso abrir as janelas

Pelos vidros quebrados entrava o mormaço

Escaldante da caatinga, como bafo de panela

E a meninada que vendia de queijo de quelho a melaço

Como um bêbado titubeante e sem equilíbrio

Seguia o velho trem, rasgando o sertão

Em direção a Juazeiro, todo cheio de brio

As dezenas de estações com seu charme decadente

Mostrando onde morreu o progresso nesse sertão

Elas são chagas abertas na sociedade pelos governantes.