Desandança (ou Soneto de Amizade)

Perco os passos na rua ao me lembrar

Dos teus olhos, tua boca: meus castigos

Que mias pernas se perdem em conflito

Ao tentar, sem comando, te encontrar

Este vento tão gélido traduz

O que a ausência tua causa no meu peito

Que meu Pai, meu Senhor, deu-me a deleito

Como lar da memória da tua luz

Eu tropeço em mim mesma tão perdida

Nas lembranças das horas de partida

E sozinha cá sofro e o choro impeço

Sobrevivo à tamanha desandança

Apois trago em minh’alma a segurança

Na certeza, de meu amado, o regresso