Eu já não falo as falas deste mundo!

Eu já não falo as falas deste mundo

Nem passeio p’las letras do alfabeto;

E nem sei se o meu olhar circunspecto

Lê os ecos dum ciclo moribundo.

Da alma extorqui o verso fecundo

- Floreado, contado e sempre correcto -

Aquele que tu lias com tanto afecto,

E aninhavas no teu olhar jucundo.

Deixo-te, hoje, este último soneto,

De contas incorrectas e obsoleto,

Enquanto por outras artes vagabundo.

E se, agora, deixei de contar letras,

Sei que não me incriminas, nem me impetras

Que eu fale as falas do teu velho mundo!

Cristina Pires
Enviado por Cristina Pires em 21/07/2005
Reeditado em 13/04/2011
Código do texto: T36275
Copyright © 2005. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.