O Velho Invisível

Um velho sentado é tão invisível

que parece esculpido em arte crua...

e ninguém se detém... será possível

que não chegue o grito às gentes da rua?

Está todo encolhido e permanece

embrulhado em papéis, cartões, jornais...

das lembranças felizes não se esquece,

pois prefere olvidar as mais actuais.

Continua a dormir nessa sacada,

escondido na sombra envergonhada

de quem nunca o ver quer, pois esquecida

deste mundo tão triste de quem sofre,

guardar prefere o amor em belo cofre

do que escutar as farsas duma vida.

Sintra, 07/01/07

António CastelBranco
Enviado por António CastelBranco em 06/02/2007
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