Cântico da Morte

Em cada verso meu transpõe funéreo

O préstito final das minhas dores;

— A minha lira é um negro cemitério!

Onde os meus versos são os corredores;

Cada palavra um túmulo cimério,

— Sepulcro d'elegíacos amores —

E, no papel qual mármore cinéreo,

Talho epitáfios, féleos dissabores.

Do verso, como um lúgubre coveiro

Preparo o abrigo eterno e derradeiro,

Para fazer de um sonho, a inumação...

E, nesse cemitério mortuário,

Pia a gemer um mocho solitário,

— O mocho do meu velho coração!

29 de Junho de 2012

*Versos decassílabos.

Derek Castro
Enviado por Derek Castro em 20/07/2012
Reeditado em 07/07/2017
Código do texto: T3788058
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