SOLIDAO ENORME
SOLIDAO ENORME
Entre nós dois: uma tela e a vidraça.
Dois mundos que nunca se completarão.
O flerte é um mergulho na desgraça,
No reconhecimento da nossa solidão.
Se movo-me da cadeira para dar-te abrigo
Vais fugir com medo de ser machucado.
Enquanto seu canto triste ao meu ouvido
Cortam-me como açoite num castigado.
És, por sarcasmo, tudo que eu tenho.
Por isso, penitencio-me e me empenho
Por manter-te aí, compondo este cenário.
Dos ares por onde varaste, dificilmente
Encontraste, tão só, um único ser vivente
A quem bastasse a companhia de um canário.
Rosa Maria Dias - Jotapati