SOLIDAO ENORME

SOLIDAO ENORME

Entre nós dois: uma tela e a vidraça.

Dois mundos que nunca se completarão.

O flerte é um mergulho na desgraça,

No reconhecimento da nossa solidão.

Se movo-me da cadeira para dar-te abrigo

Vais fugir com medo de ser machucado.

Enquanto seu canto triste ao meu ouvido

Cortam-me como açoite num castigado.

És, por sarcasmo, tudo que eu tenho.

Por isso, penitencio-me e me empenho

Por manter-te aí, compondo este cenário.

Dos ares por onde varaste, dificilmente

Encontraste, tão só, um único ser vivente

A quem bastasse a companhia de um canário.

Rosa Maria Dias - Jotapati

jotapati
Enviado por jotapati em 22/02/2007
Código do texto: T389253