O FERREIRO E O BURRO

Seguia pela estrada poeirenta

Que demanda às paragens do sertão,

Velho ferreiro em caminhada lenta

A meditar sozinho, em solidão.

Atrás, cavalgadura pachorrenta,

Desferrada, a mancar, chama a atenção.

Que triste sorte! Que infeliz tormenta

E passa levantando o pó do chão.

Ah! Pobre e velho burro! – pensa o artista

Curvado a caminhar, turvada a vista!

Mas, com pena do pobre irracional.

- Pobre ferreiro Velho! Pensa o burro,

(Filósofo da estrada, Dom Casmurro!) –

Por que não me cavalga esse animal?

Pág.115 do “Livro Irmãos de Sonhos” de minha exclusiva Autoria, em junho de 1998 Lucas Candelária