Soneto da saudade

Como um urso selvagem dilacerando um salmão,

Uma neoplasia maligna corroendo um órgão humano,

A traição e a vaidade envolvendo o leviano,

A saudade faz o mesmo com meu coração.

Como uma fêmea infame destrói o feto em formação,

E uma nação néscia elege um líder insano,

A seca esfuma os sonhos de um paraíbano,

A saudade faz o mesmo com meu coração.

Nasci nostomaníaco. Desejo o que está extinto,

Envolto ao passado, atônito pressinto,

Que colei saudade em mim, como um emblema,

Meu saudosismo é de tal intensidade,

Que daqui a pouco sentirei saudade,

Deste momento em que escrevo este poema.

Luiz Gonzaga Leite Fonseca
Enviado por Luiz Gonzaga Leite Fonseca em 29/10/2012
Código do texto: T3958357
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