Soneto (funeral no coração)
Num domingo morno, sentindo-me sem ninguém,
Gasto da dor, demente, em total consternação,
Fui ao cemitério chorar, buscar consolação,
Saciar a saudade sobre o túmulo do meu bem.
Procurei a lápide dela e nada, além, aquém,
Só nomes estranhos, e em infinita aflição,
Caminhei, vesano, vi à frente um orelhão,
disquei o número que ligava-me ao além.
Liguei para o inferno, em vão, deu ocupado,
Tentei o céu, disse-me um anjo entediado,
Não tem ninguém aqui com esse nome não,
De novo procurei seu nome, de ponta a ponta,
No ocíduo do sol, obstúpido, é que me dei conta,
Que ela tinha morrido só no meu coração.