Soneto (funeral no coração)

Num domingo morno, sentindo-me sem ninguém,

Gasto da dor, demente, em total consternação,

Fui ao cemitério chorar, buscar consolação,

Saciar a saudade sobre o túmulo do meu bem.

Procurei a lápide dela e nada, além, aquém,

Só nomes estranhos, e em infinita aflição,

Caminhei, vesano, vi à frente um orelhão,

disquei o número que ligava-me ao além.

Liguei para o inferno, em vão, deu ocupado,

Tentei o céu, disse-me um anjo entediado,

Não tem ninguém aqui com esse nome não,

De novo procurei seu nome, de ponta a ponta,

No ocíduo do sol, obstúpido, é que me dei conta,

Que ela tinha morrido só no meu coração.

Luiz Gonzaga Leite Fonseca
Enviado por Luiz Gonzaga Leite Fonseca em 01/12/2012
Código do texto: T4014634
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