SONETO AO AVESSO

Tardes de verão escaldantes, cansadas,

Meninos judiam de rasgada bola;

Garotas fingindo sereias aladas;

O poente com nuvens o sol enrola

Encanta os olhos de musas sentadas,

Pobre coração cansado consola.

Da vida nada se perde na luta

Quando cores róseas pintam os ares.

Sobra de tudo de que se disputa

Fartas dádivas para os altares.

Sonetizam poetas a vida bruta,

Perscrutam a louca vida dos lares.

Encantam grassos mistérios da gruta

De onde ressoam sonoros cantares.