Escrevo, apenas

Escrevi muito, muita baboseira,

Quando cria estar apaixonado.

Fiz sonetos, tercetos, no mercado

Da pseudo-poesia fiz a feira.

Era um chato. Ainda sou. E estou à beira

De descobrir-me um grande fracassado.

Quis ser poeta. Quiçá ainda queira

Fazer do mau versejador um bardo.

De quê me serviria? O amor,

Quando o encontrei, deixou-me mudo.

Nele sou. Não há o que tirar nem pôr.

Quieto, sem palavras, tenho tudo.

Compele-me ao silêncio meu mecenas.

Tenho pena da pena – e escrevo, apenas.

Cirilo
Enviado por Cirilo em 13/03/2013
Reeditado em 13/03/2013
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