Escrevo, apenas
Escrevi muito, muita baboseira,
Quando cria estar apaixonado.
Fiz sonetos, tercetos, no mercado
Da pseudo-poesia fiz a feira.
Era um chato. Ainda sou. E estou à beira
De descobrir-me um grande fracassado.
Quis ser poeta. Quiçá ainda queira
Fazer do mau versejador um bardo.
De quê me serviria? O amor,
Quando o encontrei, deixou-me mudo.
Nele sou. Não há o que tirar nem pôr.
Quieto, sem palavras, tenho tudo.
Compele-me ao silêncio meu mecenas.
Tenho pena da pena – e escrevo, apenas.