DA MINHA PARTIDA

Quero estar no meu quarto, ao partir,
Rodeado por pessoas que me amam
Ouvindo o gorjear de bem-te-vís
Na paz do desenlace que proclamam.

Não quero a solidão de uma UTI
Se o quadro for, de fato, terminal
Nada de agonizar feito zumbi
Entubado em vida artificial.

Inconsciente pode ser que eu esteja,
Mas esse canto de paz ouvirei.
Corpo etéreo serei luz ascendente

A brilhar qual poeta que verseja.
E na busca da essência transcendente 
Ao princípio criador voltarei.