MÃE PRETA

MÃE PRETA

Mãe Preta soluçava na senzala

Um soluço baixinho, proibido.

Lá fora a noite fria cor de opala

Velava seu filhinho tão querido.

(...E)ntra o vil capataz e logo fala:

Mãe Preta, tenho o braço em dor transido

Ao manejar o látego que estala

Nas costas de seu filho intrometido,

Traz um remédio. Vem curar meu braço

E os olhos de Mãe Preta, já sem brilho,

De ódio faíscam, diante tanta dor.

Há um silêncio amargo! Um embaraço!

E Mãe Preta, por seu querido filho,

Co’as próprias mãos... enforca o matador!

Salé, Nov/ 2004 LUCAS CANDELÁRIA vol XV