A CRIANÇA DO SÉCULO VINTE

Eu estou ficando velho,

Pensei aos noventa e dois.

Nunca me vejo no espelho,

Não sei do hoje e o depois.

O tempo rola e emparelho

Os dias e os anos, pois,

Não conto, porque um bedelho

Desconhece pó de arroz.

Embora me cresça a pança,

Nenhum mal há que me acinte

A memória da esperança.

E eu continuo a criança

Do século ido, anos vinte

Segura em minha lembrança.

03-02-2013.