LAMPIÕES

O ACENDEDOR DE LAMPIÕES – Jorge de Lima.


Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita: -
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!
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LAMPIÕES  - Hermílio -


“Vós sois o sal da terra, luz do mundo” – disse
Jesus, Senhor da Cruz, Santo dos Santos – “Crede,
Se o sal não salga a terra, a Fé morre de sede,
“Sem luz não vede a trave n’olho”, a vil ledice.

“Se mesmo o nobre rei com tal pompa vestisse
O manto seu, sudário em puro linho – "Vede,
Não eram de Pedro as vestes. Dele era a rede;
A ele não haveria Jordão que o remisse".

Digo eu: “Teu olho é lâmpada do corpo teu”;
A luz da tua fé que a tu’alma ilumina,
E o sal que salga a terra é doce aos corações

Sofridos. – São, no mundo, escuros como breu!
Mas tu, Poeta, acende em ti tua lamparina.
Que à luz da fé acendam em ti teus lampiões.
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* Soneto Alexandrino (dodecassílabo).

 
LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 14/03/2014
Reeditado em 16/03/2014
Código do texto: T4728891
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