A MUSA E O POETA

Era de linho e púrpura vestida,
a deusa que de musa se fizera
do vate o vaticínio. Era quimera,
o albor do sonhador, flor preferida.

E já pelo poeta enternecida,
de ouvir os belos cantos que lhe dera
   a desmanchar-se em prantos como cera
de vela ao vê-lo à luz esmaecida.

E ali ante a fumaça e a luz difusa,
despiu-se entre a vidraça e a lua a musa,
desfeita a cabeleira lisa e loura.

Disse-lhe: - É madrugada! Vou-me embora!...
E o vate: - Ó minha amada! Logo agora?
Espera!... logo o sol nos sobredoura!

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Compus o soneto supra num momento de descontração e de pensamento próprio. 

Surpreendi-me pelas reações positivas, gentilmente aqui em comentários demonstradas, como também, por parte de outros, manifestações naturalmente opostas e, propositadamente,  em comentários direcionados em respeitável página de quem, elegantemente, opôs-se à simbologia de que trata o meu texto.

Musa é uma figura feminina da mitologia grega, fonte de inspiração nas artes ou ciências. O significado de musa tornou-se abrangente sendo utilizada no sentido figurado para designar a mulher amada ou aquela que traz inspiração seja na pintura, na poesia ou outras formas de expressão cultural.

Hoje, o termo musa é vulgarmente utilizado como referência à bela mulher que inspira ou desperta o desejo no público masculino. É frequente ver a eleição de musas para representarem algumas modalidades esportivas como futebol, ciclismo, fórmula 1, etc.

Na Grécia antiga, eram nove as musas que inspiravam cada uma das artes ou ciências: Terpsícore (dança), Erato (poesia lírica), Euterpe (música), Polímnia (música sacra), Melpômene (tragédia), Tália (comédia), Calíope (Eloquência), Clio (História) e Urânia (Astronomia).

A palavra grega mousa significa “canção” ou “poema”. As musas habitavam no templo Museion, termo que deu origem à palavra “museu” definido como o local de preservação das artes e ciências. A palavra música também é derivada de musa, do grego musiké téchne que significa “a arte das musas”. (Fonte> Significados.com.br)

 

Não há musa para o que escrevo. Nem para minha inspiração, nem para os meus instintos. Tampouco para a minha vida prática, onde ao que desde cedo conquisto pelo mérido que devo ao esforço pessoal.

Mesmo porque, com o próprio valor que se dão tantas mulheres, nem todo homem cede ao apelo da “melancia”, “moranguinho”, “jaca”, “abacaxi” e outras coisas comestíveis. No entanto, o sentido clássico da palavra musa persiste em qualquer tempo nas mulheres que, não só pelo encanto feminino, mas também pelo mérito de invejáveis qualidades, tornaram-se e tornam-se inspiradoras de grandes gênios. Não foram nem são mulheres comuns. Pela beleza ou pelo talento, a verdadeira musa nunca foi nem será qualquer mulher. Aí reside o engano de muitos à sombra do desconhecimento ou ofuscados pelos raios solares do suposto brilho próprio.

 

Consta Beatriz Portinari a musa de Dante Alighieri ao inspirá-lo A DIVINA COMÉDIA, mas quanto à primeira parte, - INFERNO -, não há a menor sombra  de dúvida quanto a quem serviu-lhe de musa: a mulher de Lúcifer. Pode-se, portanto, brasileiramente denominá-la “Luciferna”.
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LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 20/03/2014
Reeditado em 23/03/2014
Código do texto: T4737034
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