ARCÁDIA ULTRAMARINA - aurea mediocritas

ARCÁDIA ULTRAMARINA - aurea mediocritas

para Silva Alvarenga, o Alcindo

O doce fazer nada é bem uma arte

Que é cultivada à sombra das mangueiras.

Em tardes modorrentas sobre esteiras

Que estão, poeta, estendidas a esperar-te!

O doce fazer nada põe à parte

Dúzias de convenções vãs e maneiras...

Onde a preguiça e a manha brasileiras:

--“Que o prazer nos delicie, não nos farte!”.

O doce fazer nada é mais que à toa;

É por fim ser quem sempre se quis.

Áurea mediocridade à vida boa.

Pensa à ferida, embora ainda doa...

Não se sabe, ou melhor, já não se diz,

Para, n’alguns momentos, ser feliz.

Sobrália -10 02 1994