SONETOS DIVERSOS

AURAS LUMINOSAS

Nos teus olhos, que Deus tornou radiosas

estrelas pela noite mais escura

do sofrimento, eu vi que ainda fulgura

o amor, e vi brilharem rosas, rosas.

E nos teus lábios de vestal, tão pura,

eu vi passar as auras luminosas

de um sorriso tocado de amargura

e da lembrança das manhãs ditosas.

São borboletas os teus pensamentos,

voando à luz do sol, por entre flores,

por entre as flores dos meus sofrimentos.

Ouvi cantar teu coração de aurora,

vi-o cantar, indiferente, às dores

que no meu peito estão chorando, agora!

CLÓVIS RAMOS

A POESIA É LUZ

Se a poesia Não for luz de bondade!

será fonte poluída, podridão.

A poesia é Deus, é a eternidade

do seu divino e terno coração.

Semeia o amor do Pai, o amor-piedade,

a consolar os que no mundo vão

chorando na maior necessidade.

A poesia é luz, a poesia é pão.

Canta para que o mundo menos triste

seja e haja esperança em toda parte,

a alegria do Bem, que já sentiste.

Vai pelo mundo a propagar a Ideia

de que o Verso é Jesus tornado Arte,

o sublime poeta da Judeia!

CLÓVIS RAMOS

ROSAS EFÊMERAS

Dálias e rosedás, papoulas e verbenas.

E ocultas sob a renda, alvas e cetinosas,

mais brancas que os jasmins, as camélias e as rosas;

flores que cheiram mais que as alvas açucenas.

Quisera ter nas mãos as tuas mãos pequenas,

nesta noite de luar de junho, luminosas,

beber o eu olhar febril, as capitosas

essências do prazer em horas mais amenas.

Trescala puro amor os teus seios macios.

Sempre ouvi-los pulsar junto ao meu coração

quisera em noite assim, de ventos e assovios.

Vais fugindo de mim e eu te persigo em vão;

vais fugindo de mim, fugindo em desvarios

e, efêmeras, as minhas rosas murcharão!

CLÓVIS RAMOS

CLÓVIS RAMOS
Enviado por Rubem Pereira em 04/01/2016
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