DEMÊNCIA SENIL (soneto)

Nos fios brancos do silêncio, a quietude

Nubladas recordações, escura solidão

Horas lentas no tempo, e vazia emoção

Que tateiam o que outrora foi plenitude

E nesta distância do devaneio e o são

A mesma mutação em outra atitude

Tremulando o olhar numa lacuna rude

Sorrindo sem riso e andando sem chão

E no papel sem margem, a negritude

Que esgaça a ilusão sem dar demão

Onde tudo é vagar e pouca amplitude

Assim, neste empuxo sem ter tração

Se não reconheço, sabes do que pude

Então, assiste este sóbrio senil coração

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

2017, julho - Cerrado goiano

ao meu velho pai

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 23/07/2017
Reeditado em 30/10/2019
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