Livre Escolha

(Interação ao soneto CÁ ENTRE NÓS, do Poeta

Carioca)

Li em algum lugar, não lembro onde,

Num livro sério ou num folhetim,

Que o que respiro me leva ao fim,

É justo ali que a morte se esconde.

O indispensável oxigênio,

Ao mesmo tempo que nos dá a vida,

Saca parte dela quando oxida,

Um tipo de taxa, ou anuênio.

É assim, deste modo tão corriqueiro,

Que controla a nossa permanência

Neste grande hotel de onde é porteiro.

De qualquer modo a gente morre um dia.

Num caso de causa e consequência,

Não respira, vai, respirou adia.

O que nos envelhece e inexoravelmente leva à morte é o próprio oxigênio que nos mantém respirando: ao mesmo tempo fundamental à vida, mas às custas de nos levar à morte.

SUZANA HERCULANO-HOUZEL - Neurocientista, professora da UFRJ

Jota Garcia
Enviado por Jota Garcia em 22/12/2017
Reeditado em 22/12/2017
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