Lamento

Em oração a alma fala o que vai no peito,

grita o que corre dos olhos, molha o leito,

pede que a tempestade cesse, acabe,

e que o sol brade seu grito de alento.

De um lado ao outro se embala meu ser,

como num berço de acalentar despedidas,

abraça-se em si, toca o céu da dor,

e soluça o espírito em manso torpor.

Sem entender, nem compreender, o todo,

as tantas palavras, promessas, sem as ver,

relembra-as com o peito a arder, é muito sofrer.

E agora o silêncio que prende a voz, o canto,

ecoa já em mim, retumba em ti, no vento,

é eco do teu, - ah! como lamento.