Espaços ardentes
Sobro nos espaços circundantes de mim;
Entre os vazios tantos e os ares viciados.
Não mais apalpo sonhos. Quero-os assim:
Perto para ver, e longe, para além dos pecados.
Colo cacos, tracejo curvas dentro das retas,
Há um canto assoviado em cada canto reservado.
Atrapalham esses espaços, o cumprimento das metas.
E assassino é o tempo, esse agente descontrolado.
Pingam poesias latejantes, lágrimas da alma aflita;
Semeando canteiros de verdes palavras doces,
Ou forrando sem escrúpulos de rasteiras fortuitas.
Há brasas ardendo nos espaços intransponíveis,
Queimando incensos nas palavras silenciosas;
Para homenagear eternos desejos impossíveis.